Na realidade,
bem mais que um minuto. Um longo silêncio, e sepulcral, pairou sobre os
ambientalistas que participavam da COP22 (Conferência da ONU sobre Mudanças
Climáticas), em Marrakesh, quando informados de que o republicano Donald Trump acabara
de ser eleito presidente dos EUA. Ninguém se atreveu a dar entrevistas sobre as
consequências dessa eleição para o avanço ou retrocesso das negociações
climáticas mundiais. Afinal, Marcelo Leite (articulista da Folha S. Paulo) oportunamente relembrou que, durante a campanha
eleitoral, Trump prometera “acabar com os subsídios para energias limpas
(eletricidade solar e eólica), recuperar a queima de carvão (pior combustível
fóssil, abundante nos Estados mais conservadores dos EUA) e eliminar a agência
ambiental EPA”. Terão sido meras promessas inconsequentes, frases levianas
proferidas na impetuosidade do ambiente de palanque? Ou, definitivamente,
tratava-se da política ambiental que Trump queria para seu governo? Nada mal
para, em clima de campanha, criar expectativas em eleitores indecisos. Mas
agora, sem os calores partidários da disputa de votos distritais, o cenário é
outro: o tal milionário excêntrico e polêmico é “o eleito”. Nem os oráculos, e
tampouco os modernos astrólogos, ousam prever o que podemos esperar da política
ambiental de um presidente que já declarou que “o aquecimento global é uma
farsa inventada pela China para prejudicar os EUA e tirar empregos dos
americanos”.
Assim,
entre declarações delirantes e encenações de força e brio, as posturas de Trump
assustam e paralisam (ao menos temporariamente) as negociações que, desde a
Rio-92, lentamente avançam. Mudanças, climáticas ou não, retiram as pessoas de
suas zonas de conforto. E isso não é nada cômodo. Menos ainda quando os novos
tratados quebram paradigmas em diferentes regiões do planeta e alteram as peças
do poderoso jogo econômico.
Chegou
o momento em que todos os crédulos e incrédulos devem agir, dirigindo suas
rezas, bênçãos, mentalizações, feitiços e outras tantas vibrações para que o
planeta não sofra um retrocesso após 24 anos de negociações e acordos para
conter o aquecimento global. Que o Sr. Trump tenha assessores esclarecidos e
bem informados. Que seu governo de quatro anos não seja conhecido como um jato
de água fervente no clima.
E,
por último, que ele gaste seu tempo em coisas que gosta de fazer. Que tal, em
vez de um muro na fronteira com o México, construir uma nova Trump Tower pra lá
de Marrakesh?
FONTE DA IMAGEM: http://www.sopitas.com/594618-donald-trump-keith-richards-amenaza-the-rolling-stones/
FONTE DA IMAGEM: http://www.sopitas.com/594618-donald-trump-keith-richards-amenaza-the-rolling-stones/