terça-feira, 28 de setembro de 2010

Chuva, rastro, passo e passarinho...

Foto de Ana Carolina Fernandes.


Tempestades torrenciais, com assustadoras rajadas de vento, têm provocado estragos lamentáveis em diferentes regiões de Mato Grosso do Sul. Obras públicas seriamente danificadas, prédios fulminados por raios, telhados detonados pelo granizo, ruas, avenidas e bairros inteiros alagados. Perdas, prejuízos. Quase simultaneamente, jornais, rádios, TV e internet nos inundam com fotos, vídeos e notícias sobre denúncias e mais denúncias de corrupção na política. Perdas, prejuízos. Todos nós e nossos bolsos foram (e quem sabe ainda estão sendo) roubados desavergonhadamente. Eu e você, que somos legalmente representados nos cofres públicos pelos nossos impostos, fomos transformados em joguetes descartáveis, peças desprezíveis ― em suma: idiotas! Idiotas pelas nossas escolhas, pela nossa boa fé e ingenuidade.

Por mais que tentasse, não consegui desvincular as tempestades das visões de propinas sendo distribuídas. Investi no bom senso, nos fatos, no meu lado racional... Mas nada me demoveu da associação de imagens. Ainda irritada com a sensação de impotência perante a tempestade e diante das cenas de impunidade de quem rouba os cofres públicos nesse país, em uma trégua dos trovões e raios acessei a internet e me deparei com essa belíssima imagem da fotógrafa Ana Carolina Fernandes. Senti imediato conforto. Com a alma aliviada, percebi que a foto me mostrava as marcas que uma ação deixa por onde passa, seja um rastro gravado, profundo, ou uma leve marca de passos miúdos, e constatei como a força das ondas tem a capacidade de eliminar qualquer vestígio dessa jornada.

Que seja! Que a justiça venha como as últimas tempestades, em ondas inexoráveis, e extermine esses políticos da história do nosso Estado (é claro que faremos a parte que nos cabe, nas urnas). E que, feliz, um dia Mato Grosso do Sul possa cantar como Mario Quintana:

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
 

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