domingo, 12 de dezembro de 2010

QUERIDO PAPAI NOEL!

Reencontrei esta crônica de Natal, que escrevi em forma de carta há cinco dezembros, exatamente em 2005. Fiquei surpresa com a atualidade. Parece que foi escrita hoje. Ao relê-la, tive a sensação de não ter sido boa menina. Definitivamente, Papai Noel não me atendeu. Mas, como a persistência é minha marca — sou do tipo que esperneia e corre atrás do que quer, até a exaustão. “Capricórnio puro”, diz um amigo... —, decidi reencaminhar a mesma carta, torcendo como nunca para que meus pedidos sejam atendidos de vez.



Querido Papai Noel:

Há anos que não lhe escrevo. Na última vez, me lembro bem, pedi um fogãozinho e um jogo de forminhas para fazer bolos de chocolate de barro. E você me atendeu. A alegria foi tanta que estabeleci um contato imediato entre meus devaneios infantis e você. Após a entrega dos presentes, corri para o quintal a tempo de surpreendê-lo decolando com suas renas por entre as copas dos cinamomos. O rastro do trenó encheu de estrelas os meus olhos infantis.

Mas o tempo tratou de quebrar essa magia e passei a duvidar. Engavetei sonhos, joguei fora a alegria do Natal e perdi o brilho do olhar ao reencontrá-lo travestido em tios e amigos com almofadas na barriga e barbas de algodão.

E hoje, madura, após anos de sonhos inacabados e alegrias acabadas, me vi com uma saudade enorme e com vontade incontrolável de reanimar sentimentos adormecidos que faziam a menina sonhar acordada. Por isso decidi lhe escrever.

Meu querido Papai Noel, resgate no meu coração aquela alegria ingênua e pura. Devolva-me a fé nas pessoas e, em especial, nos políticos do Brasil. Não permita, nunca, que eu ache natural o pagamento de propinas e a compra de votos. Permita, sempre, que eu continue a me indignar com a falência da educação e com o descaso com a saúde pública. E, acima de tudo, que a injustiça não se limite a me entristecer... mas que ela me dê forças para que, em vez de sentir-me impotente, eu consiga agir de imediato.

Papai Noel, renasça! Abandone as propagandas e o comércio de inutilidades e dê a cada criança brasileira o direito e o acesso à saúde e à educação de qualidade. Que cada uma delas possa brincar livremente, deixando o trabalho para seus pais. E não se esqueça: traga vergonha para muitos senhores e senhoras que frequentam nosso Planalto Central. Dê ao país o maior de todos os presentes: que a luz do discernimento, da honestidade e da ética ilumine Brasília. Por favor, Papai Noel, mantenha essa chama acessa pelo menos por um ano. Pelo menos em 2011...

Só mais um pedido, o último deles. Se não for muito difícil, distribua um pouco dessa luz também em Mato Grosso do Sul.
 

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