quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma livraria...

Quem ainda não foi, tem que ir!
E quem já foi... não vê a hora de voltar.


domingo, 23 de janeiro de 2011

Você conhece Escher e seus desenhos?

Sou apaixonada pelo trabalho de Maurits Cornelis Escher (1898-1972). Se você não conhece esse artista gráfico, aqui está a chance de fazer um breve contato com sua obra: o vídeo mostra alguns dos desenhos mais famosos desse holandês genial. Se você já foi apresentado às construções impossíveis e às metamorfoses de Escher, aproveite para revê-las.

A propósito: se uma viagem para o Rio estiver em seus planos, não perca a bela exposição que o Centro Cultural Banco do Brasil está apresentando sobre “O Mundo Mágico de Escher” (até o dia 27 de março). Com 95 peças, entre instalações, vídeos e desenhos, a mostra traz um panorama dos 50 anos da carreira desse artista.

Mas antes de assistir ao vídeo (ou depois, não importa), leia também Escher ― Um livro e um amor do século passado.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma livraria... E oito cadeiras

Caídas, esfoladas, com alguma perna bamba ou palha rasgada, as cadeiras estavam fadadas ao esquecimento. Lixo certo na próxima faxina de fundo do quintal, direto para o entulho.

Foi quando ela teve a idéia de recuperá-las. “Ficariam ótimas na nova livraria”, pensou. Afinal, o espaço que fora planejado para os amantes da leitura deveria reunir livros e amigos, com uma boa conversa, café expresso e algumas guloseimas. Oito pequenas cadeiras viriam a calhar.

As oito eram simples, rústicas até, de um estilo conservador, tradicional, tal qual o das cadeiras pintadas por van Gogh. Mas a organização da livraria, prestes a ser inaugurada, lhe tomava o dia inteiro e parte da noite. Preocupar-se com cadeiras exigiria tempo demais. Nem pensar...

Mas, em um encontro casual com oito amigas (coincidência demais!), as oito peças receberam seus desígnios: cada amiga ficaria responsável por restaurar uma delas, com liberdade total para customizá-la. Foi como se um gongo tocasse. O sinal para o início de uma brincadeira.

A professora de inglês cobriu sua cadeira com inúmeras frases sobre livros e leitura que mostrassem, literalmente, a cultura inglesa.

A colunista revestiu a sua por completo, com uma longa capa de tecido que simulava textos e manchetes de jornais e assinou: Acontece by Ely Oliveira.

A restaurateur utilizou referências ao café expresso que a livraria iria oferecer.

A cerimonialista recobriu a sua com fuxicos e, na almofada para o assento, escreveu sobre a origem desse artesanato feito com retalhos de pano.

Já a arquiteta criou um apoio para a leitura, anexando um braço metálico à cadeira:


E houve a amiga que colocou flores de crochê ao encosto e bordou uma trovinha na almofadaEsta livraria tem 4 cantos, com muitos livros e sabor. Aqui só entra quem é amigo. E sai mais amigo, com amor!”:


Outra fez uma espessa e macia almofada vermelha em que convidava o visitante a sentar, tomar um café e ler:



Quanto a mim, confeccionei uma capa para o encosto e fiz uma almofada com retalhos coloridos aplicados (alguma coisa do tipo patchwork) que lembrassem pássaros, galhos, flores e um ninho, com trechos de poemas de Manoel de Barros:


Fui convidado pelas aves para ser árvore. Eu sofro preferência para pedras ― Passarinhos do mato gostam de mim e de goiaba ― Poeta é uma pessoa que reverdece nele mesmo ― Sabiá de setembro tem orvalho na voz. De manhã ele recita o sol ― Deixei uma ave me amanhecer ― Sou livre para o silêncio das formas e das cores ― Melhor para entardecer é encostar em árvore ― Palavras. Gosto de brincar com elas. Tenho preguiça de ser sério”.

Pequenas coisas feitas com carinho. Bobagens, brincadeiras... Oito cadeiras simples que poderiam ter sido “consertadas” voltando a ser idênticas, como eram quando novas. Oito mulheres, amigas, profissionais, que deixaram de lado seus afazeres e doaram seu tempo e sua criatividade somente para fazer um afago em uma amiga comum que começava uma nova etapa de vida. E essas amigas transformaram completamente as oito cadeiras, como um presente. Oito amuletos. Oferendas cobertas de desejos de boa sorte. Oito “presenças”, como que marcando território na livraria: “Ei! Estou aqui! Faço parte dessa festa que é apreciar um bom livro. Gosto disso e gosto muito de você!”.

Se livro é presente de amigo, uma cadeira para o leitor é presente de cúmplice. Vá à livraria de minha amiga e aproveite. A cumplicidade é nossa e a vantagem é sua.

Ah! Já ia esquecendo... A livraria ― Canto das Letras ― já foi inaugurada e fica na Av. Weimar Torres, 2440, telefone (67) 3427-0203, em Dourados, Mato Grosso do Sul.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Escher ― Um livro e um amor do século passado

“Céu e Água II”, xilogravura de M. C. Escher (1938).


Maurits Cornelis Escher (1898-1972) sempre me encantou desde o primeiro desenho que vi, em livro presenteado por antigo amor nos anos 70. (Coisas do século passado.) Não sei se foi o amor ou o desenho, ou ambos, mas a partir daí me apaixonei pelo trabalho desse holandês genial. Hoje tenho vários livros e reproduções de sua obra e não me canso de admirá-la.

A gravura acima é uma das minhas preferidas. Nela, peixes e aves se revezam no contraste do papel, como se uma das espécies originasse a outra. Para a minha cabeça de bióloga, enxerguei na época uma poética visão do processo de mudanças evolutivas. Beleza e ciência em um desenho a mão livre, minucioso e milimetricamente calculado. Uma perfeita representação gráfica da evolução, feita em 1938 sem nenhum instrumento não-manual, quanto menos informatizado.

Esqueça as asas da minha imaginação. Se a imagem aqui postada não for suficiente para deixá-lo maravilhado, digite “Escher” em qualquer site de busca de imagens, ou vá à biblioteca mais próxima ou a uma boa livraria, e veja se não tenho razão. Reconhecido como um dos mais importantes e singulares artistas gráficos do século XX, sua arte tem apreciadores no mundo inteiro e em todas as faixas etárias. Sua fama se deve especialmente a seus desenhos de estruturas e construções impossíveis, embora sua obra também inclua trabalhos realistas.

Considerado um “desenhista matemático”, Escher produziu 448 litografias e xilogravuras e mais de dois mil desenhos. Em suas imagens, encontram-se arquiteturas, perspectivas e espaços que contrariam a lei da gravidade e princípios da física. Sua arte nos apresenta não somente a expressão de sua imaginação, mas também sua vívida observação do mundo que nos rodeia. Em sua obra gráfica está a revelação de que a realidade pode ser espantosa, mas compreensível e fascinante, mesmo quando parece irreal.

Hoje tive notícias do meu antigo amor que me iniciou no mundo mágico de Escher ao me presentear com o livro. Após alguns anos de desencontros, sem notícias, ele me localizou pela internet. Me googlou e encontrou este blog. Foi um reencontro muito feliz. Existem alguns dias em que o tempo para, e tanto faz se estamos em 2011 ou 1973. O sorriso da entrega, o gesto ao abrir o livro, o beijo, a emoção, a nitidez das imagens, a surpresa ao folhear página por página... Definitivamente, ontem ou hoje, agora ou no século passado, livro é presente de amigo, seja ou tenha sido ele um grande amor!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A luz faz poesia nas fotos de Claudio Gomes




Encontrei essas fotos na internet e descobri que seu autor, Claudio Gomes, já as expôs na Croácia (Novigrad) em setembro do ano passado. Morando atualmente na (quase) vizinha Cuiabá, Claudio se prepara para as exposições de fevereiro em Portugal (Lisboa e Porto) e no Marrocos (Essaouira e Marrakech). A intenção do fotógrafo é fazer um circuito pela Europa, abrangendo também outros países. Enquanto isso, a gente olha pras fotos e sonha...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Sombra e água fresca...

Trabalhar sempre, sem férias, aos sábados, domingos, feriados; até mesmo no Natal... ― foi-se o tempo disso.

Agora está na hora de um pouco de sombra e água fresca! Cada coisa tem seu momento. Trabalhar e descansar. Só amor é que não precisa de tempo. Basta amar!

(Na foto, meu pé direito, feliz, espia o mundo por entre borbulhas, enquanto o esquerdo se delicia com brincadeiras subaquáticas.)



sábado, 1 de janeiro de 2011

2011 de muito Kairós em Cronos! (texto de Hélio Arakaki)

A vida se sucede ou na lentidão ou na velocidade que nós determinamos. Tudo depende do que definimos como agradável ou desagradável.

Se nos agrada ele passa rápido, aí é dito: “Ah, mas já acabou!”.

Mas se nos desagrada, questionaremos: ”Até quando, meu Deus?”

Estas atitudes diferenciadas tem a ver com o tempo Cronos e Kairós. Tratam-se de palavras gregas. O tempo Cronos se relaciona com a medida quantitativa de tempo marcada pelo relógio, pela rotina, pelos prazos, pelos anos que se passam. O tempo Kairós relaciona-se com a medida qualitativa, ou seja, um instante vivido marcado por instante eterno de plenitude.

Uma vez li que existem dois momentos em que damos conta intensamente do mistério que é a vida. Uma é na constatação do milagre quando olhamos para um bebê recém-nascido, outra quando constatamos pela dor que, de repente, alguém próximo a nós não estará mais conosco em vida.

Hoje, 23 de dezembro, estive no hospital, e pude dedicar minha oração e energia a uma pessoa cuja vida se encontra sustentada por um fio (e tubos).

Naquele momento, não pude deixar de perceber o indiscutível poder de Cronos em nossa vida através do contraste daquele quarto em que a vida se extinguia, com a vida que fervilhava lá fora onde a maioria se encontrava na correria dos preparativos para o Natal.

Mas diante da inevitabilidade do tempo que se findava para aquela pessoa, também pude vislumbrar o tempo Kairós quando veio-me o sentimento de gratidão e plenitude por estar vivendo em circunstâncias melhores, com saúde, pelo menos, naquele momento. Sentimento que pode ser descrito nas palavras do poeta Mario Quintana que escreveu: “O tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida ― a verdadeira ― em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira.”

E esta é a verdadeira face da vida: ela é finita e também é tudo, momentos de alegria e de tristeza, de paz e de turbulência.

Diante dessa constatação, creio ser útil reforçar em nós três coisas:
1. Aprender com as experiências, sejam elas agradáveis ou não.
2. Fazer valer a máxima pregada no AA (Alcoólicos Anônimos) de viver só por hoje.
3. E com isso, dar valor nas pequenas coisas do cotidiano que nos passa despercebido, tais como acordar e já perceber o milagre da vida na respiração, de valorizar o alimento, mesmo que um simples prato feito, de poder olhar e abraçar as pessoas que nos são próximas, de saber que após um dia cansativo, um sono reparador nos dará energias para viver um novo dia e (re)começar tudo de novo.

A você, companheiro(a) de jornada, próximo física ou espiritualmente, desejo-lhe de coração um 2011 de muito Kairós em Cronos!

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Que bom que existem pessoas com esse nível de sensibilidade.
Obrigada Hélio Arakaki!

Clipei este texto do site http://www.muryokan.com.br/
 

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