sábado, 1 de janeiro de 2011

2011 de muito Kairós em Cronos! (texto de Hélio Arakaki)

A vida se sucede ou na lentidão ou na velocidade que nós determinamos. Tudo depende do que definimos como agradável ou desagradável.

Se nos agrada ele passa rápido, aí é dito: “Ah, mas já acabou!”.

Mas se nos desagrada, questionaremos: ”Até quando, meu Deus?”

Estas atitudes diferenciadas tem a ver com o tempo Cronos e Kairós. Tratam-se de palavras gregas. O tempo Cronos se relaciona com a medida quantitativa de tempo marcada pelo relógio, pela rotina, pelos prazos, pelos anos que se passam. O tempo Kairós relaciona-se com a medida qualitativa, ou seja, um instante vivido marcado por instante eterno de plenitude.

Uma vez li que existem dois momentos em que damos conta intensamente do mistério que é a vida. Uma é na constatação do milagre quando olhamos para um bebê recém-nascido, outra quando constatamos pela dor que, de repente, alguém próximo a nós não estará mais conosco em vida.

Hoje, 23 de dezembro, estive no hospital, e pude dedicar minha oração e energia a uma pessoa cuja vida se encontra sustentada por um fio (e tubos).

Naquele momento, não pude deixar de perceber o indiscutível poder de Cronos em nossa vida através do contraste daquele quarto em que a vida se extinguia, com a vida que fervilhava lá fora onde a maioria se encontrava na correria dos preparativos para o Natal.

Mas diante da inevitabilidade do tempo que se findava para aquela pessoa, também pude vislumbrar o tempo Kairós quando veio-me o sentimento de gratidão e plenitude por estar vivendo em circunstâncias melhores, com saúde, pelo menos, naquele momento. Sentimento que pode ser descrito nas palavras do poeta Mario Quintana que escreveu: “O tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida ― a verdadeira ― em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira.”

E esta é a verdadeira face da vida: ela é finita e também é tudo, momentos de alegria e de tristeza, de paz e de turbulência.

Diante dessa constatação, creio ser útil reforçar em nós três coisas:
1. Aprender com as experiências, sejam elas agradáveis ou não.
2. Fazer valer a máxima pregada no AA (Alcoólicos Anônimos) de viver só por hoje.
3. E com isso, dar valor nas pequenas coisas do cotidiano que nos passa despercebido, tais como acordar e já perceber o milagre da vida na respiração, de valorizar o alimento, mesmo que um simples prato feito, de poder olhar e abraçar as pessoas que nos são próximas, de saber que após um dia cansativo, um sono reparador nos dará energias para viver um novo dia e (re)começar tudo de novo.

A você, companheiro(a) de jornada, próximo física ou espiritualmente, desejo-lhe de coração um 2011 de muito Kairós em Cronos!

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Que bom que existem pessoas com esse nível de sensibilidade.
Obrigada Hélio Arakaki!

Clipei este texto do site http://www.muryokan.com.br/
 

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