quarta-feira, 6 de abril de 2011

Meu amigo Luiz Onofre e as libélulas

Uma libélula, em imagem intitulada “Elegância”
(Foto: Tiberio Taverni, Itália)


Luiz Onofre Irineu de Souza era um biólogo carioca que veio cair em Campo Grande (nem me lembro mais como) e que, para sorte de muita gente, foi parar na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como professor. Eu sou uma dessas pessoas sortudas.

É muito difícil falar do “Onofrinho”, que conheci em 1980, sem me emocionar. Quando me lembro dele, vejo um braço amigo e um afago. Onofre era um cavalheiro. Sua relação com os alunos era especial; atendia a todos como um anfitrião que recebe uma visita. As explicações e as dúvidas sanadas vinham imersas em um ritual manso e gentil.

Em uma sala atulhada de caixas, Onofre passava horas e horas à lupa desenhando seus bichos prediletos: as libélulas. Era apaixonado por elas e as reconhecia e estudava com a dedicação de um naturalista. Quando o conheci, fiquei impressionada ao ver como as manipulava e desenhava: havia tanto prazer e cuidado, que mais parecia um menino com seu hobby predileto. (Detalhista, Onofrinho era também um artesão que manipulava o couro como poucos. Cheguei a ver bolsas, porta-canivetes e cintos feitos por ele. Só lhe faltava tempo para tantas habilidades.)

Felizmente para a ciência, em meados dos anos 90, seu lado cientista o fez voltar-se totalmente à produção científica. A partir daí, aquele imenso acervo de desenhos, anotações e libélulas coletadas transformou-se em publicações do Museu Nacional, em uma tese de mestrado e em outra de doutorado. E ele tinha tanto, mas tanto ainda pra produzir... E tanta gente pra abraçar...

Meu querido amigo Onofre foi embora há um ano, com uma revoada de libélulas. Parece que foi ontem...
 

Blog da Maria Eugênia Amaral Copyright © 2011 -- Powered by Blogger