
E caiu-me nas mãos um breve texto, legenda de uma foto de H. Jensen, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, mostrando (em três ângulos diferentes) uma flauta: “O instrumento de sopro de cinco orifícios encontrado nas escavações de uma caverna no sul da Alemanha impressiona pela semelhança com as flautas atuais”.
Corri atrás da publicação na íntegra e deliciei-me, tal qual uma criança que acorda de um sonho e encontra o brinquedo tão desejado. Assinado por cientistas alemães, o artigo destacava que nos estudos arqueológicos “há um consenso entre os pesquisadores de que a existência de instrumentos musicais complexos é uma indicação de comportamento moderno e de comunicação simbólica avançada, mas, devido à escassez dos achados, o registro arqueológico da evolução e disseminação da música permanece incompleto. Embora haja argumentos a favor das tradições musicais do homem de Neanderthal e da presença de instrumentos musicais em ambientes do Médio Paleolítico, ainda não se dispõe de evidência concreta para respaldar essas hipóteses”.
Meu entusiasmo tornou-se incontido quando li a comprovação científica da utilização da música, tal qual eu sonhara: “do Período Aurignaciano (explico: o nome provém do sítio arqueológico de Aurignac, na França, fonte de algumas das mais antigas formas de arte paleolítica já encontradas), essas flautas de osso e marfim demonstram a presença de uma tradição musical bem-estabelecida à época em que os seres humanos modernos colonizaram a Europa, há mais de 35 mil anos”.
Dancei ao som de flautas em torno da fogueira. E me extasiei com as sombras projetadas nas altas paredes da caverna.
FONTE DA IMAGEM: H. Jensen, Universidade de Tübingen, Alemanha.