terça-feira, 30 de agosto de 2011

“Música e Propaganda” – como o consumidor era seduzido no Brasil de 1850 a 1935

A evolução da música de propaganda ao longo de sete décadas de história no Brasil é retratada neste livro, dedicado exclusivamente às origens das partituras e dos discos de propaganda.

A obra relata como a música publicitária se transformou em um recurso fundamental para valorizar e ajudar a vender produtos em distintos tempos e lugares. As formas de seduzir o consumidor são muitas e se aperfeiçoaram durante o século XIX – e particularmente nos 100 anos seguintes. Música e Propaganda, do pesquisador, editor e arquiteto Paulo Cezar Alves Goulart, traça um esboço histórico dessa utilização musical no Brasil entre 1850 e 1935. O autor investiga as singularidades essenciais presentes nas raízes dos pregões, partituras e discos de propaganda e que iriam moldar seu formato definitivo nos jingles do rádio.

A obra transita pelos vários percursos publicitários existentes. Veja alguns (divertidos) trechos do livro, incluindo citações em “ortographia” de época:

Na Ilha do Governador, na Freguesia, RJ, estava instalada a Fábrica Guanabara de Sulphoreto. (...) Para divulgar seu principal produto, distribuíram, em 1888, a partitura Viva o Formicida Guanabara, polca para piano composta por Enrico Borgongino e "Offerecida aos Fazendeiros". (...) "Ela não tinha letra, mas em dois momentos durante a música (que era muito dançante), o pianista parava e gritava: ´Viva o Formicida Guanabara!´ e todos tinham que dar um ´vivaaaaa!´. Excelente estratégia para a época".

"Na casa Baruel, á rua Direita n. 1, começa hoje a distribuição gratuita de uma bellissima composição musical do fecundo talento do maestro J. F. Freire Junior, constando de um exemplar com uma linda valsa e uma sublime quadrilha para piano, intitulada o Sabonete Japonez na Ponta, sendo uma distribuição feita aos compradores do afamado sabonete, que torna a cútis fina e assetinada, dando-lhe beleza, attractivos e encanto, livrando-a das manchas, pannos, sardas, caspas, etc. e que custa um 1$000 réis e caixa de três 4$000 réis."

Dessa década de 1910 é Acayaba É Bom Cognac (BN). Maxixe de Chagas Jr., com letra de J. Felizardo (foi) "Cantado pela primeira vez pelos correctos artistas Celeste Reis e Paulo Ferraz". O poder curativo do produto é registrado nos versos da partitura: Quem quizer viver contente Batendo seu corta-jáca, Consegue-o, mui facilmente, Usando só Acayaba!

Informações inéditas e uma cuidadosa análise da evolução da música de propaganda tornam esta obra uma publicação de referência sobre o tema para profissionais, estudantes, professores, pesquisadores, empresas e instituições relacionados ao jingle, à publicidade e à música popular brasileira, bem como aos interessados na memória e na cultura do país.

Título do Livro: Música e Propaganda
Autor: Paulo Cezar Alves Goulart
Editora: A9
Páginas: 160

 

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