Querida Foto,
Essa árvore fez parte da minha infância. Brinquei de casinha na sua sombra miúda. Enterrei um tesouro ao lado da copa e me escondi atrás do seu tronco quando meu cachorro morreu, soluçando como se o mundo fosse acabar. Passei horas e horas conversando com ela. Mas ficamos por muito mais tempo ainda em silêncio. Deitada , eu adorava acompanhar a sua sombra mudando com o sol. E rimos muito. Eu com gargalhadas de cócegas e ela farfalhando suas folhas até derrubar algumas. Brinquei de esconde-esconde, pique e até de navio-pirata, observando a “terra à vista” do alto do mastro do seu tronco. Chegamos a nos machucar juntas. Quebrei ramos ao brincar de pirata sem mar e de alpinista em uma terra sem montanhas. E ela me esfolou nos braços. Do galho mais alto caí de mau jeito e trinquei o tornozelo. E ela me derrubou por muitas vezes mais. Eu não aprendia que o meu lugar era no chão. Crescemos juntas. Ela ficou forte e alta. E eu saí sem me despedir para estudar na cidade. Nunca mais nos encontramos. Eu voltei um dia e só encontrei capim. E percebi que, muito mais do que uma amiga de infância, essa árvore fez, e faz, parte da minha vida.
Maria Eugênia.
Achei essa imagem na internet. Infelizmente não consegui descobrir sua autoria, mas decidi mostrá-la assim mesmo, sem o devido crédito, ao me dar conta de que, por mero acaso (e existe acaso?), ela atende à proposta do site QueridaFoto.com (veja o post abaixo, ou clique AQUI). Mas, falante como sou, não consegui me ater a um pequeno comentário. Acabei brincando com as palavras, e fiz uma breve crônica, misturando memórias reais e inventadas.