segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Maria Antonia Oliveira: “Compensação”

Na falta de um animal de estimação
Eu costumava sair para passear com meu coração à mostra
amarrado num fino fio de sensatez
só para fazer graça pros outros.

Um dia, enquanto fui apanhar umas laranjas,
deixei-o preso numa cerca
Daí me chamaram pra brincar de pique
Fui, mais tarde choveu
fez sol de novo
choveu
o coração apodreceu esquecido.

Quando me lembrei dele, já não servia pra nada.
Agora ando pela vida sentindo um vazio por dentro
sendo que quando chove entra água no espaço desocupado
formando um laginho
Bom pra alma lavar os pés quando chego cansada das lutas.


FONTE: Maria Antonia Oliveira – 1997 – “Terra de Formigueiro – Poemas” – Editora Papirus.
 

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