segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Poesias, fotos e o cotidiano de... formigas!


O mundo é curioso e deliciosamente diverso. Existem pessoas que se interessam por formigas a ponto de dedicarem toda a vida a observá-las. Aqueles que um dia se apaixonaram por elas são, irremediavelmente, poetas. Todos foram a criança que certa vez, por mero acaso, deparou com uma formiga pensativa sobre um pedregulho. Foram o moleque que, acompanhando por um tempo interminável a marcha de uma delas que mal equilibrava uma descomunal borboleta, de repente encontrou embaixo do pé de limão o maior carreiro de formiga que já caminhou sobre a Terra.

Tenho amigos que foram impelidos por esse deslumbramento infantil para estudar formigas. Adultos, levam hoje o pomposo nome de mirmecólogos e, com certeza, compartilham uma visão especialmente interessante sobre a vida. Ninguém pesquisa formigas impunemente.

Um deles é o Prof. Paulo Robson de Souza, da UFMS, que expôs recentemente “O cotidiano das formigas no Pantanal em quatro atos: morar, cuidar, explorar, comer” — uma invasão de privacidade exposta em 45 fotos, a convite dos organizadores da vigésima edição do Simpósio de Mirmecologia realizado em Petrópolis, RJ, em outubro.

Como curador da mostra, o Prof. Dr. Rogério Silvestre, da UFGD, comentou que o trabalho de Paulo Robson “representa todo o cuidado e carinho de uma mirmecologia artística e expressa a diversidade de um pedaço significativo do Brasil como um teatro em quatro atos: morar, cuidar, explorar e comer; são cenas de um universo fascinante da vida das formigas”. E, ao apresentar as fotos, concluiu: “Entre nesse palco e divirta-se”.

ATO DE EXPLORAR - PROCURANDO NOVOS HORIZONTES - Sobre folha morta, Camponotus melanoticus em comportamento de reconhecimento.

ATO DE COMER - TOCANDIRA BÊBADA DE EMBIRUÇU - Paraponera clavata alimentando-se em nectário floral de Pseudobombax longiflorum (árvore da família das malváceas, antes denominadas bombacáceas) durante a noite.

ATO DE CUIDAR - EM TAPETE DE FOLHAS UMA PÉTALA VOU LEVAR - Operária de Atta (saúva) transportando pétala da leguminosa Senna multijuga para abastecer seu ninho para cultivo de fungos.


Ainda sobre a exposição, Paulo Robson explica que quase todas as legendas das fotos foram de autoria de Rogério Silvestre, que também o coorienta em sua pesquisa de doutorado na UFMS.

Em breve, outro doutor na área... Mais uma possibilidade de parceria para Manoel de Barros.

Não precisei de ler São Paulo, Santo Agostinho, São Jerônimo, nem Tomás de Aquino, nem São Francisco de Assis —
Para chegar a Deus.
Formigas me mostraram Ele.

(Eu tenho doutorado em formigas.)

Manoel de Barros

 

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