sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz 2012!

Eu espero, com toda a força do meu coração, que 2012 seja o melhor ano da sua vida.





Retrospectiva 2011 da “Ciência Hoje On-line”


2011 foi o ano da química, dos neutrinos supervelozes, das doenças crônicas, de avanços em estudos sobre a Aids, dos desastres naturais, das mudanças climáticas, das revoltas no mundo árabe... (montagem a partir de foto de Alex Slobodkin/ iStockphoto)

A revista eletrônica Ciência Hoje On-line fez uma seleção de acontecimentos deste ano em cinco áreas: química, física, saúde, meio ambiente e ciências humanas. Assinada por Carla Almeida, a matéria está no link para o Blog Bússola. Confira:

FONTE DO TEXTO E DA IMAGEM: Ciência Hoje On-line

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo!


Todo fim de ano é a mesma coisa. Fico reclusa e cabisbaixa, atenta, em compasso de espera, e por vezes observo amigos que oscilam entre deprimidos e eufóricos. É o poder da expectativa de um Ano Novo, como se o nascer do dia — acontecimento rotineiro a cada manhã — pudesse, com a simples diferença de um novo calendário, controlar desejos e atitudes, magicamente alterando a vida, rompendo elos e abrindo novos caminhos.

Eis que me deparo com uma receita de Ano Novo detalhada, com ingredientes e modo de fazer caprichosamente listados por Drummond. Recorrendo a Nelson Rodrigues, optei por ser óbvia ululante e reproduzi-la, em vez de tentar escrever mais. O poeta já disse um dia:

Receita de Ano Novo – Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido),
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior),
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegrama?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Eiiii! Acorde! Desperte esse Ano Novo que o poeta sabe que existe dentro de você. Eu fico por aqui torcendo para que 2012 seja um dos melhores que você viveu. E o poder dessa magia nem sequer é meu...


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

COMUNICAÇÃO É TUDO: Tal pai, tal filho?



Em matéria publicada hoje na Folha de S.Paulo, intitulada “Após 10 anos, Jader volta ao Senado no recesso e ganha extra de R$ 30 mil”, a jornalista Maria Clara Cabral relata que “dez anos após renunciar ao cargo de senador devido a suspeitas de corrupção, Jader Barbalho (PMDB-PA) voltou ontem ao Senado, em rara sessão realizada durante o recesso parlamentar. Se seguisse os trâmites comuns, ele tomaria posse apenas em fevereiro. Mas, graças à cerimônia adiantada, receberá pelo menos R$ 30 mil extras — referentes ao salário proporcional ao resto deste mês (R$ 3,5 mil) e outros R$ 26,7 mil pagos a todo parlamentar ao final de cada ano.”

FONTE DO TEXTO E DA IMAGEM: Folha de S.Paulo – Foto de Sérgio Lima/Folhapress
  
Curiosamente, o filho do senador Jader Barbalho, Daniel (9 anos), faz pose para os jornalistas durante a entrevista do pai, logo após a posse no Senado. Coisa de criança... Uma mera coincidência entre a careta do filho do senador e o beliscão no bolso do contribuinte. Ai! Ai! Ai! Que saudades da FICHA LIMPA...

Vassouradas na Igreja da Natividade



A Igreja da Natividade, em Belém (Cisjordânia), construída onde os cristãos acreditam ser o local de nascimento de Cristo, foi palco de cenas de pancadaria entre grupos de clérigos e a polícia nesta última quarta-feira (dia 28 de dezembro).

As cenas absurdas de agressões e violência começaram quando os clérigos da Igreja Ortodoxa Grega e da Igreja Apostólica Armênia varriam o chão da Igreja da Natividade: uma tradição religiosa de preparação para o Natal ortodoxo, celebrado em janeiro. A briga foi iniciada por desavenças sobre os limites de cada grupo de religiosos dentro do templo. A polícia de choque interveio, usando cassetetes e escudos contra padres e monges “armados” com vassouras.

FONTES DO TEXTO E DA IMAGEM: BBC

Se os cabos das vassouras fossem coloridos, do tipo das espadas utilizadas pela Ordem dos Jedis, a cena seria perfeita para a série Star Wars. E pelo comportamento dos monges, já se saberia quem estava do “Lado Negro da Força”, ou não.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

“O caçuá do Paulo Robson”


O Prof. Paulo Robson escreveu o texto “O Desmemoriado” (que copiei e colei logo abaixo), para explicar as razões do nome caçuá, que identifica seu “blog de poemas quase esquecidos”. Um blog que foi montado há dois anos, mas que ainda continua em versão beta, ou seja, experimental, ainda não acessível ao público em geral.

Dois anos... Um blog quase esquecido... Mas, para quem se diz com problemas de memória, o cérebro de Paulo Robson está impecável, guardando o essencial para ser compartilhado: seu caçuá — um reservatório de histórias deliciosas, relatadas pela perspectiva do poeta que dosa as emoções com a formação científica de biólogo e que por vezes se deixa contagiar por inteiro, como criança na primeira ida ao circo.

Com a palavra, Paulo Robson — que, como mostra a foto abaixo, nem precisa de sementes no chapéu para ganhar o pouso inesperado de um “joão-pinto”. Poetas são assim mesmo, atraem bichos. Tal como disse Manoel de Barros: “Passarinhos do mato gostam de mim e de goiaba.”

O Desmemoriado

Vamos ver se me lembro... Caçuá (do tupi) é um tipo de cesto grande, geralmente feito de ramos de cipó ou vime rusticamente trançados, usado no transporte de alimentos e outros materiais nas fazendas. É carregado por burro ou jumento, equinos muito resistentes ao trabalho pesado. Isto eu me lembro bem: o caçuá é pendurado ainda vazio na cangalha, por uma alça, formando um par. Em seguida a carga é distribuída cuidadosamente, para que uma má distribuição do peso nos dois cestos não cause sofrimento ao animal.

Com este blog pretendo resgatar alguns poemas perdidos nas minhas velhas agendas (quase nunca utilizadas para marcar datas e compromissos!), ou  publicados não sei onde nem quando, uns tantos versos há muito ausentes na minha tênue memória, e mais outros, que há anos decidi concluí-los “depois” – dentre tantos que não merecem maior atenção. Ou seja: este é mais um espaço para um exercício mnemônico compartilhado, do que propriamente um objeto literário do tipo “obras escolhidas”.

Mas, em vez de chamá-lo de baú, termo mais associado à guarda de objetos caros, raros e finos, preferi denominá-lo caçuá, que me soa mais familiar pois que me traz diversas lembranças da minha infância na Piabanha, vale do Pardo, no sudoeste da Bahia – e, principalmente, porque combina mais com meus escritos, geralmente rústicos, pretensamente (ou desejosamente)  vertidos da poesia popular cantada nas feiras de Santana e de Conquista, na Bahia.

Diferentemente do baú, o caçuá é ambulante, roceiro, da gente simples, feito artesanalmente sabe-se lá desde quando e por quem nesta terra que ainda nem se chamava Brasil. O conteúdo do caçuá é discernível pelas frestas do trançado – cipós que formam paredes quase diáfanas, revelando objetos que contam histórias, incitam sensações, reavivam memórias...

Baú é aristocracia sobre cavalo branco. Prefiro os caminhos desbravados pelo jegue...


P.S. Hoje já é dia 30 de dezembro e acabei de ficar sabendo que o Paulo Robson "liberou" os acessos ao seu caçuá. Divirta-se:
http://www.paulorobsondesouza.blogspot.com/

Juntos por uma paixão

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Uma crônica sobre estrelas-do-mar


Era uma vez um escritor que morava próximo a uma remota colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo. Certo dia, andando pela praia, enxergou um vulto distante que parecia dançar. Ao chegar perto, percebeu que se tratava de uma jovem mulher recolhendo estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las de volta ao oceano.

Curioso, o escritor perguntou: “Por que está fazendo isso?”

“Você não vê o porquê?”, respondeu a mulher. “A maré está abaixando e o sol está quente. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia, tão distante do mar.”

O escritor, não-convicto, comentou: “Mas... existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e outras milhares de estrelas-do-mar espalhadas pelas praias do planeta. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano e a maioria vai perecer de qualquer forma”.

A mulher pegou mais uma estrela na praia, devolveu-a ao oceano e, olhando séria, falou ao escritor: “Para esta aqui eu fiz a diferença!”.

Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, retornou à praia, procurou a mulher e não a encontrou. Voltou para casa, procurou-a na colônia de pescadores e nada... Após algumas semanas já nem se lembrava do ocorrido quando, caminhando pela praia, quase pisou em uma estrela-do-mar. Parou e percebeu que ela estava distante da água. Não hesitou um instante sequer e a carregou gentilmente até encontrar as primeiras ondas, onde a deixou. Ao retornar à praia viu uma mulher descalça, a mesma de dias atrás. Os dois trocaram um olhar de cumplicidade e abriram um sorriso do tamanho do mar.

___________

Esse texto de autoria desconhecida tem circulado pela internet. Gostei tanto dele que decidi postá-lo. Pareceu-me uma daquelas antigas fábulas que estimulavam boas ações sem olhar a quem. Afinal, é muito bom pensar em “fazer a diferença”...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Música para não esquecer

 

Clive Wearing é um maestro britânico que vive sob a hostil condição de esquecer tudo em 10 segundos. Sem memória recente, duas lembranças ainda permanecem: de sua mulher e das canções que aprendeu.

Assim começa o artigo de Thiago Camelo no Blog Bússola da revista Ciência Hoje On-line desse mês. Nele é descrito que a condição de Clive Wearing tornou-se conhecida recentemente depois que a BBC publicou, no final do mês passado, uma matéria sobre uma reunião de neurocientistas em Washington, nos Estados Unidos, onde a memória do maestro foi discutida.

Em 1985, Clive Wearing contraiu uma encefalite por herpes e, desde então, desenvolveu o maior caso de amnésia de que se tem notícia – Wearing retém, no máximo, 10 segundos de memória. Em outras palavras: ele está preso num presente absoluto, um mundo sem lembranças e – menos ainda – projeções.

“Ele responde perguntas, mas já não sabe o que ou por que foi perguntado”, diz sua mulher, única pessoa que Wearing reconhece, mas com certas limitações: todo encontro com ela parece ser o primeiro após muitos anos. Wearing, ao vê-la, reage sempre como quem tem muita saudade.

O que torna o caso desse homem ainda mais especial? Ele, hoje com 73 anos, apesar de não ter ideia de nada senão do agora, tem capacidade de ler partituras, tocar piano e reger um coro – todas as atividades realizadas com as habilidades que já lhe eram peculiares antes da doença.

A conclusão dos cientistas na conferência em Washington aponta para um cérebro que armazena a memória musical num lugar diferente do lobo temporal médio, afetado na enfermidade de Wearing e, de fato, fundamental para eventos que exigem lembranças do tipo “como”, “quando”, “onde”, mas aparentemente menos importante para lembranças de melodias, harmonias e ritmos.

O renomado neurocientista Oliver Sacks tratou do caso do britânico em seu livro sobre cérebro e música, “Alucinações musicais” (“Musicophilia” no título original, em inglês). Em sua análise, o neurocientista afirma que a música libertou Wearing de sua condição: “Quando há música, o homem volta a ser o que sempre foi”. Opinião que combina com a da mulher do músico, que em um recente vídeo disse: “A música é onde podemos estar juntos. Enquanto está tocando ele é inteiramente normal”.


FONTE DA IMAGEM: Foto de Clive Wearing tocando piano - The New Yorker

domingo, 25 de dezembro de 2011

Para uma noite de paz...


Uma imagem do fotógrafo Aparecido Frota (Praça Antonio João, Dourados, MS)


sábado, 24 de dezembro de 2011

“Saber viver” até durante o Natal


Atualmente a simples expectativa do Natal me entristece. Conforme o tempo vai passando, sobe uma espécie de nó no peito que perdura, incomoda. Não sei bem qual a razão desse mal-estar, mas ele persiste e vai ficando cada vez mais intenso com a proximidade do Natal. São tantos apelos e pedidos, desejos, mensagens... Eles aumentam dia a dia e vão me envolvendo, me sufocando, me mostrando como devo ser bondosa, caridosa, amável e como eu mereço tudo de bom no Natal e em todos os demais dias do ano.

Não sei, mas há algo de falso nisso tudo. Há um certo exagero nesse “clima natalino”. Até pessoas que nunca vi me enviam mensagens melosas de paz e boa vontade. Não questiono a beleza do simbolismo da data, de forma alguma. E respeito quem a venera. Mas os excessos são desagradáveis. Tudo isso me parece uma overdose de doçura. E tenho tremenda dificuldade em lidar com exageros.

Eu estava justamente pensando nessa avalanche de rebuscadas mensagens natalinas quando recebi um e-mail de um amigo muito querido, meu ex-aluno. Nele, o Paulo diz somente isso: “Acho que você vai gostar deste poema de Cora Coralina. Feliz Natal. Beijo.” Que bom que existem pessoas que nos conhecem tão bem. Fiquei encantada com o texto da poetisa goiana (foto). Ele diz exatamente tudo o que sinto e que gostaria de ter escrito sobre “saber viver”. Como dar sentido à vida em qualquer dia do ano, simplesmente tocando o coração das pessoas, mesmo (e especialmente) no Natal. Que mulher simples e sábia era ela.

Obrigada, Paulo, e um Feliz Natal para você também. Outro beijo.

“Saber viver”

Não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais.
Mas que seja intensa,
verdadeira, pura... Enquanto durar

Cora Coralina – poetisa de Goiás


COMUNICAÇÃO É TUDO: Fornos de micro-ondas “tocam” música de Natal


Criatividade, sensibilidade musical e bom humor: Feliz Natal!


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Nosso cérebro em contato com a natureza



Nos anos 60, a moçada do “paz e amor” protestava contra a guerra do Vietnã, fazia amor e adorava sentir-se parte da natureza, não necessariamente nessa ordem. Enfim, éramos todos um pouco “porras-loucas” e “bichos-grilos” e acreditávamos que a natureza nos fazia bem. E estávamos certos!

Um recente artigo da revista Psychological Science afirma que “apenas uma hora caminhando pelo campo já seria suficiente para melhorar o desempenho do cérebro em 20% — caminhar por ruas movimentadas de uma cidade, por outro lado, não tem nenhum efeito benéfico sobre o cérebro”.

Se você reside em um grande núcleo urbano, relaxe. Os cientistas da Universidade de Michigan, autores do estudo, também concluíram que após simplesmente olhar fotografias da natureza as pessoas melhoram suas capacidades cerebrais de atenção e de memória. É como se dizia nos anos 60: Grande Mãe Natureza!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mais detalhes sobre a decoração de Natal de Dourados


A artista plástica Andréa Franklin Queiroz Alves publicou na internet um belo texto — "Natal 2011, nasce uma nova Luz pra nossa Dourados" —, em que relata sua participação no projeto de decoração natalina de Dourados, que foi criado e coordenado pela arquiteta Lolita Azambuja. Como grande admiradora da qualidade e criatividade do trabalho dessas duas profissionais, não resisti à vontade de postar tal texto, repleto de fotos. E aproveito para acrescentar outras imagens, com detalhes da casa do Papai Noel e da árvore de Natal que foi toda montada com sucata.

Parabéns à Lolita e à Andréa! Muito obrigada por compartilharem tanta beleza.




 Detalhes do interior da casa do Papai Noel


Uma árvore construída com CDs, aros de bicicletas, flores de garrafas PET, calotas de carros e hélices de ventiladores

Os aros de bicicletas com flores de PET e o efeito de vitrais coloridos

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um Natal solidário: "Livro, presente de amigo"

domingo, 18 de dezembro de 2011

COMUNICAÇÃO É TUDO: Um Natal “digital”


José e Maria trocariam e-mails e fariam reservas online para a viagem à Belém. Os Reis Magos comprariam incenso, mirra e ouro pela internet e seguiriam a Estrela de Belém pelo twitter.




quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um toque de luz, com Cora Coralina


Vestida de sol
a tarde se abre
em calçadas.

Entre a primavera e o verão
desfilam pessoas iluminadas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Luzes de Natal em Dourados


Esta é a primeira vez que sou testemunha de como uma cidade pode se alegrar do dia pra noite. Algumas decisões, fortes parcerias, um projeto bem elaborado, sob a responsabilidade técnica da arquiteta Lolita Azambuja, com a colaboração da artista plástica Andréa Queiroz Alves e de uma centena de voluntários, além de muito, muito trabalho, transformaram uma proposta ─ que poderia ser considerada um mero estímulo ao consumo natalino ─ em um toque de magia sobre o centro da cidade.

E tudo começou meses atrás, quando percebi que algumas amigas estavam por demais atarefadas e só falavam no (então distante) Natal: Lolita, Andréa, Ely Oliveira e Elizabeth Salomão. Foi inevitável dar palpites (desnecessários, é claro!) e deixar-se contagiar pelo clima de trabalho que elas criaram de forma tão prazerosa. Nunca liguei muito para Natal. Mas desta vez... Fiquei impressionada com a dedicação dos voluntários e a alegria de cada um deles ao montarem uma flor a partir de uma garrafa PET, recortarem um plástico vermelho ou pintarem uma velha calota de carro, detalhada e cuidadosamente. E assim, vi uma árvore de Natal ser construída com o reaproveitamento de rodas de bicicletas, hélices de ventiladores, CDs, calotas e garrafas de plástico.

Dourados... Tenho um carinho especial por ela, minha cidade natal. E, ao caminhar através das luzes natalinas da Praça Antônio João e da Av. Marcelino Pires, me deixei levar pelas imagens e senti que a cidade falava, sussurrando, ainda frágil: “Fui maltratada, espezinhada e roubada em meu passado recente, mas continuo viva e estou reagindo.” Tive uma vontade enorme de abraçar minha cidade. E foi então que percebi que um clima de paz e renascimento tomava conta do lugar. Não deve ter sido por acaso que a árvore de Natal transformou sucata em cores e luzes.

Espero que os desejos de Dourados sejam atendidos, a começar por um Feliz Natal!


Teste final de iluminação, com a árvore ainda sem a ponteira.


A árvore pronta (foto de Hédio Fazan).


Pórticos do presépio (à direita) e casa do Papai Noel (à esquerda), na Praça Antônio João (foto de Hédio Fazan).


Avenida Marcelino Pires (foto de Hédio Fazan).

domingo, 4 de dezembro de 2011

Crônica de Feliz Desaniversário


Hoje, com certeza, é aniversário de alguém. Não importa de quem. Pode ser seu, meu ou de outra pessoa. Alguém está feliz – ou triste. Não conheço outros estados de espírito para aniversariantes. Quem diz que fica indiferente, mente. Indiferença em dia de aniversário é tristeza disfarçada, por vezes com um toque de arrogância. Em minha infância eu ficava alegre. Sempre tinha presentes, sorvete e pudim de claras ― que eu adorava comer imaginando serem “nuvens assadas” que derretiam na boca como um chuvisco de verão. Meu aniversário era um dia com regalias, travessuras perdoadas, abraços especiais, correrias pela casa e joelhos ralados sem o mercurocromo (e tampouco o iodo que ardia).

Hoje já não sou tão previsível. Por vezes fico alegre, por outras tantas fico triste. E também existem os aniversários em que me sinto indiferente (eu também tenho minhas fases de disfarçar tristeza). Mas na maioria das vezes não acho graça nenhuma em ter data marcada para comemorar. Prefiro festa de desaniversário.

Todo dia é desaniversário! (Todo dia, menos um: justamente a data de aniversariar.) Acho a ideia uma delícia: festejar o ano inteiro, sem se prender à agenda. E a invenção nem é minha. É criação de Lewis Carroll, em seu livro “Alice no país das maravilhas”. Nunca me esqueci da festa que o Chapeleiro Maluco fez durante seu chá. Carroll presenteou minha infância com uma divertida e intrigante palavra nova e um sentido inesperado para todos os dias do ano que “sobravam” sem comemorar.

Desaniversários são sempre bem-vindos. São festas sem dia certo e sem hora marcada. São celebrações cotidianas. Se os humores e os hormônios estiverem em equilíbrio, se o alinhamento dos planetas for favorável e se os amores mantiverem-se florescendo, não haverá uma única desarmonia no dia a dia das comemorações. Mas, regido pelos astros e guiado ao sabor da maré dos fluidos, meu desaniversário precisa de cor em tons de anil.

Pelas manhãs, ao abrir os olhos ainda inchados, gosto de espiar pela cortina azul de voal para ver se o dia está azul também. Desaniversários azuis! Eu jamais serviria para morar em países cinzentos. Viro gel, fico viscosa em dias escuros. Mas com céu claro...

Nem sei explicar direito o que é acordar sentindo o azul... Pela janela entreaberta, acompanhando a claridade, adentra uma lufada de ar fresco que me arrepia o corpo todo. E o azul me banha, me ilumina. Fico inundada com o lume, que nem pirilampo, acesa.

Com a alma cheia de luz, levanto-me feliz e lembro que posso fazer uma grande festa. Meu cachorro concorda e delicia-se rolando na grama, detendo-se a cada tanto para me olhar, convidando-me a fazer o mesmo. Afinal, hoje é meu desaniversário (e dele também).

E o seu? Vai passar esquecido, em brancas nuvens, ou imerso em azul? A decisão é sua. Mas eu adorarei dar um imenso abraço de Feliz Desaniversário em você também!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Como lidar com corruptos


Há muitas maneiras de lidar com um pedido de propina. Pode-se atendê-lo. Pode-se rejeitá-lo. Pode-se reclamar em um site anticorrupção. Pode-se chamar a polícia e fazer um escândalo. Pode-se anotar na agenda uma participação na próxima passeata contra corruptos. Pode-se passar a noite relatando aos amigos, mais uma vez, seu horror com a corrupção e como ela está destruindo a alma da nação.

Ou pode-se dar o troco soltando as cobras (e ganhando visibilidade mundial).

No início desta semana, um agricultor e encantador de serpentes da cidade de Haraiya, no distrito de Basti, no estado indiano de Uttar Pradesh, soltou três sacos de serpentes na Divisão de Cadastro Fundiário, por não se conformar com um pedido de propina. Enquanto umas 40 cobras deslizavam sinuosas pelo escritório, funcionários apavorados corriam para as saídas, subiam em mesas ou se espremiam pelos cantos. Entre os bichinhos havia quatro mortíferas najas.

Um homem usa uma toalha tentando afugentar cobras que se espalham pelo escritório, enquanto outros sobem em cadeiras e mesas, em 29 de novembro de 2011, em Basti, na Índia (Foto: Associated Press).

Le Parole e Beco ─ dois bons programas em Campo Grande


Hoje é quinta-feira. Dia de encontrar alguns amigos para conversar, beber e degustar as comidinhas especiais do Beco. Não sem antes dar uma passadinha na livraria Le Parole, a mais bonita da cidade.

 

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