segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2011, 2012... E esse tempo que voa


Mal me dei conta e já estamos em janeiro, iniciando um novo ano. Que coisa estranha... A sensação de que o tempo voou é muito forte. É como se os dias tivessem escapado pelos dedos e cada mês de 2011 houvesse durado bem menos do que devia. Me parece que até as semanas se tornaram diferentes. Não são mais aquelas que eu conhecia tão bem, com sete dias distintos. Hoje tanto faz se é segunda, terça ou sábado: todos são iguais perante o tempo — passam às pressas, do mesmo jeito.

Em minha concepção “temporal”, o único dia que ainda mantém a pose e o cronômetro é o domingo. Forte, ele segura a posse de suas 24 horas como antigamente e, com todos os segundos bem marcados, registra o primeiro dia da semana. É a “primeira-feira” que não perdeu o compasso. As demais “feiras” e o sábado detonam o tempo, como dias alucinados.

Comentando sobre a correria das horas, um amigo que compartilhava a mesma impressão me pôs a par de uma teoria que, segundo ele, explica essa sensação: a ressonância de Schumann. A tal ressonância (para resumir a história) é originada no campo eletromagnético que se forma entre a superfície do planeta e a ionosfera, produzindo cerca de 7,8 pulsações por segundo. Entretanto, segundo o que meu amigo leu em algum lugar, essa ressonância estaria aumentando nas últimas décadas e atualmente vibraria na frequência de 11 a 13 pulsações por segundo. Tal aceleração seria responsável por esse descompasso de como sentimos o passar do tempo.

Adorei! Pesquisei, li, conversei com cientistas, físicos e astrônomos, e descobri que a ressonância de Schumann existe mesmo, mas não encontrei nenhuma fundamentação científica na relação entre ela e a percepção do tempo e tampouco sobre essa história de aceleração de suas pulsações. Mas, como fã incondicional de ficção (mesmo que por algumas horas), passei noites me entretendo a olhar estrelas mais atentamente, como se elas fossem me revelar algum segredo. Há poucas semanas mantive longo monólogo com um halo solar. (Mas nada me foi confessado sobre a ressonância, por astro nenhum.)

O resultado de todo esse tempo investido em pesquisar e em ouvir estrelas é que ainda não compreendo o que se passa com o tempo — que parece correr feito louco. Acho que isso é coisa para verdadeiros iniciados, tais como o coelho de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll.

Estou pensando seriamente em não mais questionar o tempo, passe ele com vagar, arrastado ou a galope, me dando um susto com o ano que já se foi. Sempre que viajo, que reencontro amigos, e também quando leio, escrevo e sonho, o tempo se acelera, escorre, voa. Quando me entristeço e fico fechada, o tempo me acompanha com a mesma marcha, pesada, lenta, como no cortejo de um funeral. Quando adoeço, também me arrasto, como que carregando toda a dor do mundo. E nessas horas quero tomar chá de sumiço e permanecer em estágio atemporal.

Seja como for, atualmente tenho tomado posse de meu tempo com meu próprio jeito – um jeito que pode chegar a ser exagerado, extravagante e até entediante. Assumir meu tempo privativo me faz bem. Com ou sem ressonância, estou a vivê-lo intensamente, seja recostada na letargia de um sofá ou com o coração acelerado diante de eventos espantosos. Vivo entre a leveza de um voo em asa-delta e a celeridade de um barco em rio de corredeira, sempre arrumando tempo extra para degustar um vinho pausadamente. Uma taça levantada em um brinde: Feliz 2012 e um excelente recomeço!

E espero que o tempo me dê a chance de nos reencontrarmos, bem e felizes, ao longo deste ano. Semana após semana... Quem sabe?

 

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