Você já deve ter lido isso: “Nõa imortpa a oderm das ltreas drtneo da pvarala: bsata que a pmrireia e a úmtila etjasem no lguar crteo praa que vcoê enednta o que etsá erctiso.” Da mesma forma, “É F4C1L L3R 357A M3N5AG3M S3M P3NS4R MU170.” Mas como o nosso cérebro é capaz de compreender estas frases?
A ciência ainda diverge sobre os mecanismos mentais envolvidos no processo, embora haja fortes suspeitas. Neurologistas da Universidade da Califórnia (San Diego, EUA), por exemplo, explicam que o principal instrumento para a compreensão é o contexto. A capacidade de identificar o contexto de uma frase faz com que o cérebro seja pré-ativado logo no início da leitura. Quando você descobriu, no primeiro parágrafo, que “não importa a ordem das letras dentro da palavra”, seu cérebro imediatamente já se reportou ao contexto de adivinhar porque as letras estavam embaralhadas. A tradução de palavras como “primeira”, “última” e “escrito” ficou muito mais fácil a partir deste momento.
No exemplo da primeira frase, seu cérebro nem precisa realmente identificar cada palavra. A compreensão do contexto faz você simplesmente pular algumas sentenças e mesmo assim entender a frase. Além disso, nossa mente tem mais independência do que parece: em uma leitura normal, nós batemos o olho na palavra como um conjunto e a lemos de uma vez só; não é preciso decodificar termo por termo.
Isso não funciona apenas com a palavra escrita, mas também com outros procedimentos cerebrais, como a audição e a identificação visual. Este segundo quesito, aliás, é importante para traduzir o segundo exemplo, que mescla letras e números.
Estudos sugerem que nosso cérebro tenta automaticamente estabelecer uma equivalência entre o formato de letras e números, por isso não é estranho identificar um “4” como “A”, “3” como “E” e “5” como “S”. Em todos os casos, aproveita-se a similaridade e o resultado é uma leitura fluente (depois dos pequenos tropeços iniciais).
[texto e imagem clipados do Hypescience]