sábado, 26 de maio de 2012

Como substituir um amor?


Ela trabalhava mecanicamente, rígida como um autômato, alheia a vozes e ruídos. Em um cenário predominantemente feminino, deveria ser apenas mais uma mulher, mas havia alguma coisa estranha... E logo percebi: entre o som dos secadores, as conversas desencontradas, risadas e barulho dos esguichos nos lavatórios, havia um gemido profundo, um choro cortado, rasgado, preso em sua garganta. Por vezes, este rompia os limites da resistência daquela mulher e explodia, congestionando seu olhar. Ela, visivelmente envergonhada pelo choro convulsivo, tentava controlá-lo, em vão. Por mais que o fizesse, mais forte ele ficava. Até que, por entre escovas e cabelos, a cliente que ela atendia, minha amiga de infância, falou, toda cheia de razão:

― Esquece, minha querida! Logo, logo você coloca outro no lugar dele. Ninguém é insubstituível!

Foi a gota d’água. Não sobrou nem um resquício de controle. Uma sombra correu para o banheiro e, pela primeira vez em um salão de cabeleireiros, fez-se silêncio.

Impressionada com o tamanho da dor, que agora se revelara de amor, comecei o natural ritual de “o que aconteceu com ela?”. O óbvio: perdera seu amor recentemente.

Fiquei chocada, muito mais do que eu mesma imaginaria. Como é possível que um amor possa ser substituído? E assustei todo mundo com um sonoro “nunca!”. Fora de contexto, no meio dos fios dos secadores e entre pincéis de tinturas, uma chapinha soltou fumaça e, pela segunda vez em minha vida, assisti uma cena de profundo silêncio em um cabeleireiro. “Nunca!”, repeti, estimulada pela atenção temporária. E continuei, inflamada:

― Ninguém é insubstituível? Como assim? Isso funciona para funcionário público, faxineira, motoboy... Essa mulher perdeu o amor de sua vida e você quer animá-la falando em substituição?

Obviamente, minha amiga me conhecia muito bem e suportou meu estardalhaço com uma risada. “Quer me matar de susto, Maria Eugênia? Fala sério!”. E continuamos, “falando sério” sobre nossos amores, perdas e ganhos, por muito tempo.

De alguma forma, alguns salões de beleza funcionam como áreas livres em que se lavam cabelos e algumas sujeiras mais. Eu amo meu salão, onde somente os cabelos são lavados e a roupa suja volta pra casa de quem a levou. Não há contaminação. Nenhum detalhe foi dado, e tampouco perguntado, sobre a perda “daquele” grande amor. E, consternadas, colocamos afeto nas feridas amorosas da cabeleireira. Na saída, sem cabelos brancos, dei-lhe um beijo e gostei de ver seus olhos não mais tão vermelhos. Mas estraguei tudo. Caí na asneira de lhe falar, bem baixinho: “Eu acho que nenhum amor tem substituto. Cada um é único. No máximo a gente consegue ter outro amor, novo. Que será único também.” Pra que eu fui fazer isso...

Passei dois dias depois para pagar a conta (agora comecei a esquecer algumas coisas...). E lá estava ela, fazendo uma escova, com os olhos muito inchados. Quase fiquei com inveja.

FONTE DA IMAGEM: Foto de Lolita Azambuja.




sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dia Nacional da Adoção


quinta-feira, 24 de maio de 2012

“Contra o Estado-anunciante”, artigo de Eugênio Bucci, do OI


Clipei o texto abaixo da última edição do OI – Observatório da Imprensa – para compartilhar lucidez! Aproveite:
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Contra o Estado-anunciante

Por Eugênio Bucci em 22/05/2012 na edição 695 do OI
Reproduzido do Estado de S.Paulo, 17/5/2012; intertítulos do OI

No México, os meios de comunicação estão se vendendo – e se rendendo – à força do governo. O diagnóstico é de Rubén Aguilar, professor e jornalista mexicano que foi porta-voz da Presidência da República de seu país entre 2002 e 2006 (governo Vicente Fox). “Tudo está à venda”, disse ele durante sua palestra no seminário “Meios de Comunicação e Democracia na América Latina”, realizado no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, no final da tarde de terça-feira. E arrematou: “Só o que se discute é o preço.”

No México descrito por Aguilar, a tensão entre a imprensa e o poder, que é natural e desejável nos regimes democráticos, tende a desaparecer para dar lugar a uma relação de troca negocial, um toma lá, dá cá em que os governantes ganham poder (com o apoio dos veículos jornalísticos) e os empresários do setor ganham dinheiro (tendo no Estado um anunciante camarada). Assim, enquanto uns faturam votos e outros faturam lucros, a sociedade perde: a fiscalização do poder some de cena e a imprensa se converte em mercadoria política. Diante desse cenário, o ex-porta-voz foi coerente e se declarou contrário ao uso de verbas públicas no mercado publicitário. O Estado, quando se converte em anunciante, passa a constranger, seduzir, cercear ou mesmo chantagear órgãos de imprensa, não necessariamente nessa ordem. O jornalismo investigativo perde fôlego – e a democracia, também.

Na abertura do mesmo seminário, Bernardo Sorj, diretor do Centro Edelstein de Pesquisa Social, professor titular aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro e organizador do livro Meios de Comunicação e Democracia: Além do Estado e do Mercado (publicado no ano passado pelo Centro Edelstein), tocou no mesmo ponto. Para ele, devemos considerar a necessidade de impor limites ao crescente investimento de dinheiro público em propaganda de governo. Aos que defendem a publicidade governamental com o tortuoso sofisma de que ela jogaria recursos em pequenos jornais e emissoras, contribuindo assim para a “diversidade” no debate público, Bernardo Sorj argumenta, corretamente, que, se for esse o objetivo, o Estado deveria abrir linhas de financiamento público, a partir de critérios democráticos, impessoais e transparentes. Essa seria a política adequada para apoiar veículos menores e fortalecer a pluralidade e a concorrência saudável.

Simbiose promíscua

Aos poucos, ainda que tardiamente, vai nascendo entre nós a percepção de que a publicidade governamental distorce, deforma e degrada o debate público. Ela, que sempre foi uma unanimidade entre os agentes políticos – basta ver que, no Brasil e em todos os países da América Latina, os governos anunciam cada vez mais, qualquer que seja o partido do mandatário –, começa finalmente a ser descrita como problema para os observadores mais críticos.

Já era tempo. Aqui mesmo, neste mesmo espaço, esse problema já foi denunciado mais de uma vez: o que existe hoje nas nossas democracias ainda precárias é uma simbiose promíscua entre Estado e meios de comunicação privados, gerando um ecossistema com o qual é muito difícil romper.

No Brasil, a prática avança numa progressão de enrubescer o erário. Na primeira década do século 21 será difícil encontrar, na administração pública brasileira, uma rubrica orçamentária que tenha crescido mais.

Figura abrutalhada

Comecemos pela Prefeitura de São Paulo: num intervalo de seis anos, o montante jogado em publicidade oficial praticamente decuplicou, saltando de R$ 12 milhões em 2005 para R$ 108 milhões em 2010. Na cidade do Rio de Janeiro, a evolução foi ainda mais estonteante: em 2009, ao menos de acordo com os dados oficiais, a soma aplicada em publicidade da prefeitura ficou na casa de R$ 0,47 milhão e, em 2011, o total alcançou a cifra de R$ 74 milhões. O governo estadual do Rio de Janeiro passou de R$ 70 milhões em 2005 para R$ 172,5 milhões em 2011. No governo federal, conforme cifras divulgadas no site da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a Secom, os gastos da administração direta e indireta (contando, portanto, com as empresas estatais) vêm oscilando em torno da marca do bilhão de reais. No ano de 2009 houve um pico: R$ 1,7 bilhão. Também em 2009, o governo paulista alcançou um ápice de R$ 314,6 milhões, ante apenas R$ 33 milhões em 2003.

A que se destinam tantas fortunas? Elas não geram ambulatórios, não criam vagas nas escolas públicas, não abrem um só quilômetro de metrô, não aumentam o efetivo policial, não melhoram as estradas, nada disso. Nem sequer informação elas oferecem à sociedade. Só o que essa dinheirama produz é fetiche: uma boa imagem – imagem mercadológica – para aqueles que governam. É bom observar, a propósito, que a linguagem, a estética e a forma narrativa da propaganda oficial são idênticas – são as mesmas – às adotadas pelos filmetes partidários exibidos no horário eleitoral. A propaganda governamental é o prolongamento escancarado da propaganda eleitoral – e vice-versa. Ao contrário do que dizem os governantes, não sem cinismo, essas peças de comunicação não informam coisa alguma – apenas contam lorotas publicitárias.

O pior, o mais grave de tudo, é que elas esvaziam a independência dos órgãos jornalísticos de pequeno e de médio porte. Dizem as autoridades da comunicação oficial que, distribuindo seus milhões para os pequenos, os governos fortalecem os jornais locais ou “alternativos”. É mentira. A verba pública transformada em verba anunciante nos jornais e nas emissoras locais produz neles uma dependência mortal. O dinheiro público entra pela porta e a independência crítica é expulsa pela janela. Também por isso, a figura novíssima e abrutalhada do Estado-anunciante só enfraquece a democracia.

Têm razão Rubén Aguilar e Bernardo Sorj. Mas que político terá coragem de romper com o ecossistema?

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[Eugênio Bucci é jornalista e professor da ECA-USP e da ESPM]

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Adeus à Robin Gibb, do Bee Gees


Um dos três irmãos que formaram o grupo Bee Gees, Robin Gibb, faleceu ontem na Inglaterra, aos 62 anos.

No vídeo um dos grandes sucessos do grupo nos anos 60, “How deep is your love”, que embalou noites e noites dos apaixonados.


domingo, 20 de maio de 2012

Matilde Diniz Lacerda, escritora, poeta e principalmente professora


Uma senhorinha meiga, de voz doce, que adora escrever. Acabei de conhecê-la e fiquei encantada com suas histórias. Poeta, fala de sonetos, trovas e haicais com a desenvoltura do conhecimento. Foi professora de inglês, português e literatura e passou a vida cercada por poesia. É mineira de Pedralva, uma pequena cidade em que alguém transformou a cor de uma grande pedra em nome, e com 18 anos mudou-se para Barra Mansa, onde se casou e teve filhos — dois, três, quatro, cinco... todos homens. E continuou até o... sétimo, à espera de uma menina que não veio.

Matilde criou raízes e paixões na cidade mansa, onde cantou, lecionou e até formou um grupo de amantes das palavras: o “Grêmio Barra-mansense de Letras”. Como se não bastasse, revelou novos talentos em competições literárias — “Poetando” e “Concurso Estudantil de Redação” — e também fundou corais, grupos de teatro e grêmios estudantis.

Ontem não resisti e perguntei-lhe sobre a estrutura de um poema. Recebi uma aula sobre sonetos e trovas, com estrofes, quartetos, tercetos e rimas. Aprendi que existem regras sobre a sonoridade dos versos. Curiosa com a métrica de uma trova, despendi um tempo razoável para encontrar as palavras certas na composição dos sete sons de cada verso. Que nem criança com sorvete novo, lambuzei-me com as palavras. A mestra, atenta, me mostrou cada excesso. Depois da aula fui embora, mas voltei no dia seguinte com a lição feita:

“Insight”

Correu de encontro à lua;
em estrelas tropeçou.
Quase louca e nua:
“Não estou morta!”, gritou.

Agora, ao reler minha obra, dou risadas. Mas Matilde, gentil, me incentivou ressaltando a imagem poética, sem sequer comentar as reiterações em “ua-ua” e “ou-ou”, sons tão banais. Foi tão enfática em falar das qualidades da minha trova, que nem chegou a apontar as rimas pobres. Por pouco, muito pouco, não me senti poeta. O que uma boa professora não faz...


sábado, 19 de maio de 2012

“Sombra Boa”: Márcio De Camillo faz música com poesia de Manoel de Barros

Making of da gravação do CD “Crianceiras”: poesias de Manoel de Barros musicadas por Márcio De Camillo. No vídeo, pura diversão com “Sombra Boa”, do poema “Sonata ao Luar”, nas vozes de Mariah de Camillo e Márcio De Camillo.

Edição: Marcio De Camillo e Gabriel Caldeira
Ilustração: Martha Barros
Animação: Jota Junior – Animatronic
Produção Executiva: Criatto Produções - Izabella Maggi
Câmeras: Malú Corrêa e Jonavo.

Cante junto:
Sombra Boa não tinha e-mail.
Escreveu um bilhete:
Maria me espera debaixo do ingazeiro
quando a lua tiver arta.
Amarrou o bilhete no pescoço do cachorro
e atiçou:
Vai, Ramela, passa!
Ramela alcançou a cozinha num átimo.
Maria leu e sorriu.
Quando a lua ficou arta Maria estava.
E o amor se fez
Sob um luar sem defeito de abril.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

“O ladrão incendiário”, por Ana Elisa Ribeiro

Você já gostou de alguma coisa a ponto de querer que fosse sua? É exatamente o que acontece comigo quando leio as crônicas dessa professora mineira, Ana Elisa Ribeiro. Gostaria de ter sido a autora de cada texto dela. Sua narrativa coloquial, seu bom humor e seu ritmo agradável, me transportam para uma conversa entre amigas. Confirme se não tenho razão:


O ladrão incendiário

Consumismo é uma palavra dessas que parecem ofensa. Sim, de fato, é ofensa. Consumista é quem não consegue se conter diante de uma comprinha, mesmo quando não precisa do que vai adquirir. Aliás, principalmente porque não precisa. Na verdade, dá uma gana danada de comprar um objeto que, de repente, passa a ser extremamente necessário. Consumista é aquele moço das camisas polo ou aquela moça dos sapatos multicoloridos. Sabemos que o adjetivo é mais aplicado às mulheres, que carregam, motivadamente, a fama de mais consumistas do que os machos (que preferem consumir outro tipo de coisa). Machismo? Falta do que fazer. Classificar é uma delícia, não é mesmo?

Vamos assumir. Eu sou consumista. Não de bolsas, sapatos de salto e pós compactos, mas de livros e blusinhas. Não resisto mesmo. Logo que vejo o objeto do meu desejo minha cabeça começa a fabricar argumentos pró. Não é pra isso que eu trabalho? E vamos nos lembrando das lições de filmes e músicas: viver o presente, ter prazer imediato, carpe diem, sabe lá o que será o amanhã, “como vai ser o meu destino”. E isso basta para pedir à moça pra passar o cartão.

Blusinhas iguais, várias. O armário é uma espécie de eco ou de gagueira visual. Gostei da blusinha compro logo duas ou três. Tem azul? Vermelha? Rosa? Só não dá se for amarela ou marrom. Preto é clássico. O time sempre ganha de preto. Ah, de oncinha também não vai. Aliás, roupas zoológicas não me caem bem. Zebras, cobras, onças e tigresas que me perdoem, mas a cor chapada é fundamental. Tem manguinha de princesa? Adoro. Não se parece muito comigo, mas dá um arzinho de menina que pode ser vantajoso a estas alturas. Barriga de fora nem pensar. Essa não me desce desde a época em que eu podia. Alcinha não me convence. Braço de matrona... sabem como é, mas não ponham reparo não que eu fico tímida.

Mas os livros... ah, os livros. Não resisto. E os argumentos são ainda mais fortes: não é pra isso que eu trabalho? Aliás: meu trabalho tem tudo a ver com isso, minha gente. Como pode uma professora não ter livros? Médico sem estetoscópio; dentista sem sonda; mecânico sem chave de fenda; costureira sem agulha e linha; “avião sem asa, fogueira sem brasa... futebol sem bola, Piu-piu sem Frajola” e por aí vai, com a bênção de Claudinho & Buchecha.

Passo pela livraria pensando em tomar um café. Lá dentro, ando por entre as estantes, como se estivesse num labirinto do qual não fizesse a menor questão de sair. Tire sua soneca em paz, Dédalo. Não vou importunar você. Nada de mapas. Não quero sair. Passeio, passeio e vou juntando livros nas mãos. Diabo de coisa pesada esse tal de papel. Empilhado ele fica mais difícil de carregar. As lombadas vão se juntando, como numa favelinha de janelas coloridas, e eu vou fazendo minha feira. Primeiro eu colho, depois vou ver os preços para me assustar um pouco. Mas nem isso consegue me desanimar.

Lá vem a máquina de ler códigos de barras. Coitada, só lê isso num livro. Aliás, mais do que muita gente. Mas não lastimo não. As pessoas foram apresentadas ao livro. Só não entram nele porque acham que têm coisa melhor para fazer. Não sabem o que dizem. Mas isso não é coisa que se peça a alguém ou que se obrigue a fazer. É como pedir amor. Não dá. Então deixe estar. Enquanto isso, vou alinhando, em cima das estantes, os livros que desisti de carregar. Um, dois, três, dez, quinze. Meu dinheiro não chega aí. A conta sai cara. Mas e a necessidade? E a ansiedade? Já lá na Idade Média diziam que tinham medo da “explosão de informação”. Agora que isso é mato, eu é que me lasque. Valham-me abajures acesos. I love you, companhia elétrica.

Eu sou consumista com livros. Nem preciso, mas é que é tão exclusivo, tão único, tão próprio. Um livro bom não é como as blusinhas de manga de princesa. Não dá para pedir um azul, um lilás e um branco. Não tem P, M e G. Um bom livro é só ele.

Vou lá pagar. Não tem jeito. Se eu não levar todos estes, tenho certeza de que terei pesadelos à noite. Acordarei assustada e suada no meio da escuridão e o arrependimento me fará refém. Assim pensa um consumista que não quer sofrer. Vamos lá. Vou trabalhar mais no mês que vem e quem sabe as prestações me pareçam suaves?

Não raro, chego em casa e verifico que comprei livro que já tinha. Dá um arrependimentozinho tipo surto. Nada que um copo d'água não resolva. Os pensamentos tratam logo de arranjar explicação: ah, mas a outra edição era pior, tinha letras miúdas e uma traça já lhe comeu uma quina. Ou outra: gente, comprei outro deste? Deve ser porque é muito bom. Pelo menos sou coerente. Ou: vejam como sei do que gosto? Ter dois é interessante porque deixo um para empréstimo (coisa que odeio) e outro para o aconchego das estantes do escritório.

Mas sou coerente. O maior cômodo da casa é o escritório. Dizia o arquiteto que era pra tirar aqui e ali, aumentar banheiro ou cozinha. Não, sem chance, meu caro. Aqui neste cômodo você não mexe. Tomo banho de pé e lavo louça entre a geladeira e o fogão, mas livro precisa respirar. Mais do que eu. Meta aí logo mais uns metros quadrados porque tudo aqui está sempre em expansão.

Daí os problemas de espaço, de armazenamento, de peso, de crescimento desordenado, que nem acontece nas grandes cidades. Livros em fila dupla. Livros mal estacionados. Aqui a ordem é esta. O barato é que é seguro: milhares de reais investidos nas paredes destas estantes brancas e nenhum ladrão há de querer levar isso um dia. Leva TV, leva som, leva computador, leva até meu tablet cheio de obras virtuais, mas meus livros provavelmente ficarão ali. É torcer para que não me venha um ladrão incendiário.

Ana Elisa Ribeiro - Belo Horizonte, 18/5/2012


FONTE DO TEXTO: clipado do Digestivo Cultural:


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Leia também outras crônicas da autora:

TAPA NA CARA

VOLTAR COM EX E CAFÉ REQUENTADO

MEUS LIVROS, MEUS TABLETS E EU

PROFESSORAS, MAÇÃS E OUTRAS TENTAÇÕES

Aliança Francesa expõe fotos de Bianca Bacha e Karla Cavalcanti



A “Exposition Photographique”, com trabalhos de Bianca Bacha e Karla Cavalcanti (foto), pode ser visitada na Aliança Francesa, em Campo Grande, MS.

Com expertise em sensibilidade, as fotógrafas retratam as mulheres de uma forma sutil que celebra a beleza individual. Assim, em cada proposta de trabalho, Bianca Bacha e Karla Cavalcanti interagem com suas modelos para “fotografá-las na sua essência natural, ver como cada uma se descobre naquele momento, sendo bonita a sua maneira. Um ensaio para se orgulhar de ser quem realmente é”.

E por falar em beleza... As fotógrafas escolheram para a imagem de divulgação da mostra (na foto acima) a douradense Andyara Tetila, retratada em preto e branco.

“Exposition Photographique”, na Aliança Francesa

Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 13 às 20h. Aos sábados, das 13 às 17h.
Local: Aliança Francesa – Rua Antônio Maria Coelho, 1719 – Campo Grande, MS.
Informações: (67) 3321-0339

A data de término da exposição ainda não foi definida. Aproveite!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Uma semana no muro


“Rinpa Eshidan” é o nome de um grupo de artistas japoneses que realiza performances e eventos de pintura ao vivo, criando vídeos de arte em ação. Seus integrantes creem no processo de criação, e por isso sua atenção está mais voltada ao momento em que a arte toma forma viva do que ao projeto finalizado. A série de vídeos “1 Week of Art Work” (“1 Semana de Trabalho de Arte”) é um exemplo claro dessa filosofia.

Site do grupo: http://rinpaeshidan.jp


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Campo Grande (MS) tem uma baita pegada... Que pena!


Uma recente publicação da WWF apresenta o estudo da Pegada Ecológica de Campo Grande (MS). A capital também é citada como a primeira cidade brasileira a fazer tal cálculo. Para tanto, foram avaliados os hábitos de consumo da população, que resultaram em uma pegada de 3,14 hectares por pessoa.

Segundo o site da WWF: “A pegada ecológica de um país, cidade ou pessoa corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e mar necessárias para sustentar determinado estilo de vida. É uma forma de traduzir, em hectares, a extensão de território que uma pessoa ou uma sociedade ‘usa’, em média, para se alimentar, morar, se locomover, e outras atividades afins. A metodologia vem sendo testada em algumas cidades do mundo”.

A WWF comenta que “no caso de Campo Grande, os 3,14 hectares podem ser traduzidos em 1,7 planetas. Isso significa que se todas as pessoas do mundo tivessem o mesmo consumo do morador de Campo Grande, seriam necessários quase dois planetas para sustentar esse estilo de vida”.

“Se comparada à média brasileira, Campo Grande tem uma pegada 8% maior que a média nacional, que é de 2,9 hectares globais por pessoa. Ela também é 10% maior que a de Mato Grosso do Sul e 14% maior que a pegada média mundial, que é de 2,7 hectares globais por pessoa. Mato Grosso do Sul, por sua vez, tem uma pegada ecológica 3% menor que a média brasileira”.

Saiba mais sobre o estudo e a pegada ecológica acessando:

O site acima também disponibiliza download em PDF do estudo sobre Campo Grande, na íntegra (4,40 MB).


FONTE DA IMAGEM: ©WWF-Brasil - Capa do relatório da pegada ecológica de Campo Grande.

terça-feira, 15 de maio de 2012

“É impossível roubar sem que se saiba”



Lendo hoje o Caderno da Cidadania do Observatório da Imprensa, encontrei um texto imperdível, escrito por Muniz Sodré, jornalista, escritor e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que esclarece como funcionam os mecanismos da corrupção e da impunidade no serviço público federal brasileiro. Eu, se fosse você, lia agora:


SOBRE A CORRUPÇÃO
Um dado muito revelador
Por Muniz Sodré em 15/05/2012 na edição 694 do Observatório da Imprensa:

Em meio ao tsunami de escândalos em torno da corrupção pública e privada, há um dado revelador nunca assinalado pela mídia nacional: é impossível roubar no serviço público federal brasileiro. Esta afirmação, claro, está sujeita ao imediato riso de escárnio por parte de quem a lê ou escuta. Afinal, há toda a evidência dos fatos. Por isso, vale precisar: é impossível roubar sem que se saiba. A impunidade é outro lado da questão.

O que estamos querendo afirmar aqui, em primeiro lugar, é a capacidade técnico-formal do Estado para proteger-se. Quando se trata de desmontar quadrilhas, a Polícia Federal tem-se revelado bastante eficiente. Quando é o caso de malfeito administrativo, qualquer gestor público (federal) pode testemunhar sobre a meticulosidade com que a Controladoria Geral da União (a CGU, organismo relativamente recente) acompanha a sua gestão e como, no final de cada ano, o Tribunal de Contas da União (o TCU) confere com pente fino a prestação de contas. Trata-se de mecanismos com poderosa assessoria técnica.

Em termos subjetivos, tudo isso é um tormento para o gestor honesto que, a cada licitação ou a cada despesa orçamentária, sente a presença de uma verdadeira espada de Dâmocles sobre sua cabeça. Uma aquisição feita inadvertidamente a maior, um erro cometido por um subordinado, qualquer falha pode ter consequências funestas. O erro e a desonestidade costumam ser avaliados como uma mesma coisa.

Locomotiva de papel

Ora, poderá pensar um observador externo, é animador que o sistema possa ser imune à prevaricação. E assim retornamos, para melhor esclarecimento, à afirmação inicial quanto à impossibilidade de roubo sem que se saiba. De fato, sempre se acaba identificando o malfeito e o malfeitor. Se este último escapa, o motivo é político, ou melhor, político-patrimonialista, pois a impunidade é a privilegiada condição costumeira do malfeitor pertencente ao espectro do estamento patrimonialista que se reproduz no poder desde a fundação do país. Donde, o consenso quanto ao fato de que o dinheiro público expropriado, até mesmo nos casos de atuação da Polícia Federal, dificilmente é restituído de modo integral ao erário do Estado.

É provável, assim, que o fato da impunidade leve o dito observador externo a pensar na coexistência da boa técnica do sistema de controle com absurdos, digamos, existenciais. Mas há outros. Vamos ao exemplo de um caso real, aqui ficcionalizado para evitar constrangimentos.

O gestor de um órgão educacional ou cultural coloca em seu programa de metas algo como a elaboração de indicadores capazes de avaliar a influência do pigmento melânico na coloração do olho do sagui. Este tópico, abstruso, poderia fazer sentido no campo da zoologia ou da biologia, mas é evidentemente absurdo na esfera de uma gestão educacional ou cultural.

No episódio real, o tópico não era tão caricatural, mas era contextualmente absurdo. Tratava-se da elaboração de indicadores avaliativos que não existiam, nem existem na prática da produção cultural. Talvez devessem mesmo existir, mas em termos concretos não passavam da intenção impraticável de um administrador, que terminaria deixando o cargo.

Diante da meta inexequível, o seu substituto simplesmente a ignora. Mas anos depois tem a desagradável surpresa de ser notificado por um daqueles órgãos de controle sobre a falta de cumprimento daquele item. Faz ver então que aquilo não tinha nenhum sentido, sem encontrar escuta razoável: para a burocracia de controle, se estava programado, deveria ter sido realizado, não importava o que fosse. E como nenhuma resposta parecia satisfatória, aplica-se uma multa pesada ao gestor.

Para compreender o que se segue, é preciso levar em conta que a Brasília oficial é um império assentado em papel, isto é, em matéria burocrática, que reproduz documento como vírus se reproduz em computador. O poder jurídico-burocrático constrói uma locomotiva de papel, capaz de atropelar até mesmo quem anda nos trilhos.

Fora da bitola

A depender do estado de humor do relator de um papel, um arrazoado pode ou não ser aceito. Não é a razão do argumento que se põe em causa, mas o momento subjetivo, a boa ou má vontade do relator. Este, como numa corte imperial, pode simplesmente decidir que deseja aplicar a multa, e pronto. “Fi-lo porque qui-lo”, diria aquele governante de não saudosa memória. E para fins de efeito público – para a imprensa, sobretudo – o multado pode ser equiparado a qualquer outra pessoa punida, a um malfeitor, por exemplo.

Afortunadamente, no caso real em questão, outra fração decisória do sistema de controle chegou à conclusão de que o episódio era irrelevante, logo, não havia fundamento para a multa.

Mas bem poderia ter sido contrário. A angústia do gestor serviu para lhe ensinar um par de coisas a que deve prestar atenção todo e qualquer indivíduo apto ao exercício de uma função pública como dirigente. A primeira é que o país conta com mecanismos contábeis bastante eficientes no controle das contas públicas – é falsa a impressão de gandaia que a imprensa costuma transmitir a seu público leitor. A segunda: se o prevaricador é membro, seja grande ou pequeno, do estamento patrimonialista, tem toda chance de escapar impune, mesmo quando é evidente a sua culpa. Se, porém, não faz parte direta ou indiretamente da turma, arrisca o pescoço, ainda que navegue no mar da lisura.

Para se chegar à moral da história, vale considerar a hipótese de que determinados sistemas políticos funcionam com uma espécie de inconsciente social que trabalha secretamente para desencorajar o cidadão sério a dirigir órgãos estatais. A autoproteção do aparelho de Estado é ambígua, porque oscila entre a correção técnico-jurídica e o abismo dos desvios e privilégios patrimonialistas.

Esse é também, no fundo, o inconsciente discursivo de uma imprensa que ainda espelha os sujeitos do patrimônio, isto é, as grandes famílias. Cargo público é negócio de risco para quem anda nos trilhos – isto é, fora da bitola patrimonial –, pois pode ser atropelado aleatoriamente pela locomotiva de papel. Aqui, de fato, só os malfeitores são felizes.

***
[Muniz Sodré é jornalista, escritor e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro]

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ateliê Ana Ruas – Os sentidos da representação na pintura brasileira


Focados na pintura brasileira, do realismo ao modernismo, Maria Adélia Menegazzo e Rafael Maldonado estarão no Ateliê Ana Ruas ministrando um curso durante a semana. Maldonado e Menegazzo desenvolverão uma análise dos questionamentos aos códigos tradicionais de representação, iniciados pela pintura do século XIX, abarcando a pintura histórica, o romantismo e o realismo, em artistas brasileiros tais como Almeida Jr., Victor Meireles, Anita Malfatti, entre outros. Num segundo momento, o curso apresenta eixos da pintura moderna brasileira na obra de participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, do Grupo Santa Helena, além daqueles artistas que traduziram de modo independente a grande aventura da nossa modernidade.

Começa amanhã!

Curso de História da Arte focalizando a Pintura Brasileira do Realismo ao Modernismo.
Ministrado pelos professores Rafael Maldonado (Realismo) e Maria Adélia Menegazzo (Modernismo).

Período: Dias 15, 16, 17 e 18 de maio (de terça à sexta-feira).
Horário: das 19h às 21h30.
Investimento: R$ 200,00 ou R$ 140,00 (para professores, estudantes e para alunos que já participaram de outras edições dos cursos de história da arte no ateliê Ana Ruas).
Na impossibilidade de participar dos quatro dias, existe a opção para somente dois dias de curso, com valor proporcional:
Terça e quarta-feira: Realismo, com Rafael Maldonado
Quinta e sexta-feira: Modernismo, com Maria Adélia Menegazzo
Pré-inscrições: pelo fone: 9202-4095

Saiba mais sobre as atividades do ateliê: www.anaruas.com.br

sexta-feira, 11 de maio de 2012

“The Mom Song” – para saber o que é ser “Mãe”


Levante!
Lavou o rosto pelo menos?
Arrume a cama!
Isso é roupa que se use?
Não vi você estudar nada hoje!
Dá pra comer mais devagar?
Não esqueça que tem ortodontista hoje às 3!
Sem computador hoje à noite!
Todo dia tenho que dizer a mesma coisa?
Ligue logo que acabar o filme!
É tudo para o seu próprio bem!
E não se esqueça: MAMÃE TE AMA!

Nem é necessário tradução. O tom da voz no vídeo é inequívoco: são CARINHOSAS ORDENS MATERNAIS!

Mães, como não amá-las?
Filhos, como não incentivá-los a crescer?

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Peripécias de Ruy Castro e Heloisa Seixas: “Terramarear” – para ler antes de viajar


Quando viajam pelo Brasil ou ao exterior, a passeio ou a trabalho, juntos ou separados, Ruy Castro e Heloisa Seixas procuram o espírito dos lugares. Para isso, antes de partir, leem livros, ouvem músicas e assistem a filmes sobre a região que vão visitar. Chegando lá, são capazes de traçar roteiros originais, que agora compartilham com os leitores em Terramarear.

A Paris da Revolução Francesa, a Veneza ou a Roma dos clássicos do cinema, a Barcelona de Gaudí, a Saint-Tropez que inspirou pintores, a Berlim de surpresas e transparências e uma Sevilha de conto de fadas são alguns dos relatos desses dois turistas culturais, também incansáveis flâneurs pela cidade em que vivem – o Rio.

Em vez de lojas de grife ou de batidos cartões-postais, eles vão atrás de história, arquitetura, música, cinema, gastronomia ou da cultura das ruas. Foi assim que chegaram ao ateliê de Veneza em que o cineasta Stanley Kubrick comprou as máscaras que usou no filme “De olhos bem fechados” e ao hotel em que viveu o poeta Ezra Pound, em Rapallo, na Riviera Italiana.

O material deste livro cobre um período de mais de três décadas, como a série sobre a Revolução Francesa, enviada de Paris por Ruy em 1989 para um jornal brasileiro, até textos escritos especialmente para Terramarear, como o relato de Heloisa sobre suas aventuras em Moscou.

Turismo também é cultura, como se sabe. Mas mais divertido é quando a cultura se transforma em turismo.

Heloisa e Ruy estão juntos desde 1990, mas sempre morando separados, em seus apartamentos no Leblon – para onde voltam seja qual for o canto do planeta por onde tenham viajado.


Para uma bocada prévia no delicioso relato do casal, leia um trecho do livro em PDF:

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Na hora de comprar:

Ruy Castro & Heloisa Seixas (2011) – TERRAMAREAR – Editora Companhia das Letras, São Paulo, SP. 215 páginas.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sobre cães e gente


Exatamente um ano atrás eu brincava, toda feliz, com meu cachorrinho, quando ouvi, em alto e bom som, uma exclamação ácida, seguida de uma questão:

― Mas o que é isso! Por que você não adotou uma criança? ― disse-me uma prima, visivelmente incomodada com meu afeto.

― Não adotei uma criança porque eu queria um cachorro! ― respondi, um tanto surpresa, sem entender bem qual seria a razão da pergunta. E emendei, em tom de esclarecimento:

― Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Gente é gente. Bicho é bicho. E eu estava louca por um cachorrinho.

Não muito satisfeita, a prima mudou de assunto, conversando com sua madrinha, que estava sentada ao lado. E fiquei pensando... “Que conflito era aquele?”. O ar severo de minha prima me passou “uma mensagem de encíclica papal” (como diria Mafalda – de Quino – ao presenciar uma cena de injustiça social nos anos 70). Ao dedicar meu afeto a um cachorrinho, estaria eu sendo política e socialmente incorreta? Confesso que fiquei desconfortável, não por minha decisão de ter um cachorro e tratá-lo bem, carinhosamente, embora como cachorro! Meu desconforto se manifestava quando eu revia a cena inicial que originou a pergunta sobre a adoção. Não tenho absolutamente nada contra adoções de crianças, muito pelo contrário. Aplaudo a iniciativa. Só não entendo a comparação entre cachorrinho e criança. São coisas completamente diferentes.

O tema é polêmico, eu sei. E é bem possível que muitas pessoas façam confusões. Afinal, quem é dono de todas as suas emoções? É aí que vale a pena lembrar um comentário de Cesar Ades (1943–2012), que foi professor do Instituto de Psicologia da USP e um dos pioneiros no estudo de comportamento animal no Brasil, ao falar sobre a relação entre gente e bichos, em uma recente entrevista:

“São coisas diferentes. O cachorro nos dá coisas que o ser humano não dá, mas nenhum bicho dá tudo que os humanos dão. Ele nos dá uma alegria canina. Só isso já é culturalmente válido.”

É isso! Gente é gente. Cachorro é cachorro. Ou, como tão bem disse um dia o filósofo do futebol, Rivelino: “Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.” Se você quer uma criança e não pode tê-la biologicamente, não tenha dúvida: adote! Adote e seja muito feliz!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Se beber, não dirija!

Basta de impunidade com bêbados ao volante!


Movimento contra a embriaguez ao volante.
Saiba mais: http://naofoiacidente.org

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Escolhendo um presente para a mãe


Nem sempre é fácil encontrar presentes para o Dia das Mães. Minha tendência natural sempre foi a de comprar aquilo que sei que ela está precisando — meias macias para o inverno, um bule para chá, chocolates diet. E é exatamente aí que mora o perigo. Minha mãe não consegue disfarçar a decepção, por mais que tente, quando o presente é tão óbvio que já estava na lista de compras para casa. E lá vou eu, dar tratos à imaginação para agradá-la.

Andei garimpando pela cidade e encontrei, na Livraria Canto das Letras, umas caixas lindas com imagens de obras de grandes pintores. Cada caixa vem com 30 cartões (com envelopes), com reproduções de belas telas. Cada conjunto tem imagens sobre um tema: Expressionismo, Veneza, Anjos, Flores, Van Gogh e muitos outros mais. Adorei. E agora o problema é qual escolher.






Livraria Canto das Letras
Av. Weimar Gonçalves Torres, 2440 – Centro – Dourados, MS
(67) 3427-0203 / 3423-0268
livraria@cantodasletras.com.br





domingo, 6 de maio de 2012

Para que serve o amor?


Com esta pergunta – “A quoi ça sert l'amour?” – Louis Clichy, um cineasta francês, nos apresenta um delicioso e bem-humorado curta-metragem de animação, embalado por um impecável dueto de Edith Piaf com Théo Sarapo na canção-tema (composição de Michel Emer).



sábado, 5 de maio de 2012

A Lua... do perigeu ao sótão de um russo

Hoje, quando a lua cheia estiver visível, ela será a maior e a mais luminosa do ano. Os astrônomos dizem que ela está em seu “perigeu”. (No Houaiss encontrei que perigeu é ponto da órbita de um satélite – no caso, a Lua – em que ele se encontra mais próximo da Terra.) O tal ponto coloca a Lua bem pertinho da gente: 357 mil quilômetros de distância. Nem um cuspe de lonjura, quando comparado com as astronômicas medidas cósmicas.

Mas não se entusiasme demais. Normalmente, a Lua fica pelo menos 24600 quilômetros mais distante, ao longo do ano, e essa variação é por demais pequena para ser detectada a olho nu. Ou seja, a lua vai estar lá, como sempre, imponente, imensa ou não, conforme nosso estado de espírito, humor, o nível de nossos hormônios e nossa sanidade mental.

Lua cheia! Apaixonados a enxergam cada vez maior e mais brilhante. Poetas emudecem e ficam melancólicos. Românticos enviam flores compulsivamente. Amantes sentem uma vontade incontrolável de beijar e... uivar. Cientistas a analisam como parte de nós mesmos: “poeira de estrelas”. Compositores dedilham músicas na cabeça e loucos fazem de tudo para alcançá-la.

(Uma médica psiquiatra paulistana, minha amiga nos anos 80, sempre ficava apreensiva quando seu plantão coincidia com a fase de Lua cheia. Era sempre uma correria para controlar certo senador que teimava em subir nas árvores para tomar posse de sua Lua.)

Em qualquer dos casos, a Lua desperta antigas histórias e constrói novas com o poder de sua luz. Não há mistério revelado sob o luar. E tanto faz a fase da Lua: ela sempre terá guardiões através dos tempos. Vi hoje na internet seu mais recente servo: o artista russo Leonid Tishkov, um poeta que criou a história de um homem que encontrou a Lua e a levou consigo durante toda a vida. A seu belo e inusitado trabalho, Tishkov deu o nome de “Private Moon” (Lua Particular). Trabalhando com fotografia, além de poesia, a história começa quando um homem se depara com uma “Lua perdida” em seu sótão (foto abaixo).

 Lua perdida. Foto de Leonid Tishkov e Boris Bendikov.

Tishkov disse à BBC que o projeto começou em 2003 e que atualmente já passou por cerca de 15 países. Na maioria deles, o artista colabora com outros fotógrafos para preparar e registrar em foto o cenário com a Lua.

 A Lua no Ártico. Foto de Leonid Tishkov.

Conheça mais sobre o projeto “Private Moon”:

quinta-feira, 3 de maio de 2012

No mundo mágico da xilogravura de Samico



Gilvan Samico, 83 anos, artista plástico pernambucano, é reconhecido como um grande mestre da xilogravura. Seus trabalhos estão espalhados pelo mundo, em acervos de galerias e colecionadores, além do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Após várias negativas, originadas de seu perfeccionismo, o gravurista enfim concordou em mostrar sua obra em um livro: “Samico”. Que sorte a nossa! Na publicação, com prefácio de Ariano Suassuna, estão gravuras e pinturas a óleo – muitas delas inéditas –, reunidas em uma edição de luxo, com alta qualidade gráfica, apresentando também dados biográficos do artista e fotografias dele em sua residência e ateliê – um casarão do século XVII –, em Olinda (PE).

Santos, profetas, pássaros de fogo, dragões, serpentes, bois encantados, cavalos misteriosos são temas recorrentes na obra de Samico, que trabalha de modo totalmente autônomo e artesanal: desenha em papel, transpõe para a lâmina de madeira, executa o entalhe e, após aplicar as tintas somente nos relevos, faz surgir a gravura. Todo esse processo demora entre três e quatro meses. Atualmente o artista produz apenas uma ou duas obras por ano. Um trabalho meticuloso.

Título do livro: SAMICO
Autor: Weydson Barros Leal
Fotógrafo: Helder Ferrer
Editora: Bem-Te-Vi

IMAGENS: fotos de xilogravuras de Samico (divulgação). A primeira das imagens é uma reprodução da capa do livro.





quarta-feira, 2 de maio de 2012

Frases de Millôr Fernandes


“Não devemos resistir às tentações. Elas podem não voltar.”

“Viver é desenhar sem borracha.”

“O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde.”

“O homem é um macaco que não deu certo.”

“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem.”

“A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.”

Millôr Fernandes (1923–2012)


 

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