Mato Grosso do Sul está culturalmente
mais pobre desde a última quarta-feira, dia 15 de agosto de 2012, com o
falecimento de Paulo Roberto Rigotti, vítima de um infarto fulminante. Meio que
anestesiada, não encontrei palavras e tampouco coragem para postar essa perda
assim que fiquei sabendo. Foi muito triste. Paulinho era muito criativo, muito
entusiasta, trabalhava muito. Superlativo! Com essa palavra eu consigo
traduzi-lo, pelo menos em
parte. Mas prefiro utilizar suas próprias palavras – que
clipei de seu currículo Lattes – para (re)apresentá-lo:
Paulo Rigotti é arqueólogo, artista
plástico, professor de arte e pesquisador da história cultural no entorno do
Pantanal, principalmente a história das artes plásticas nos estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, e em particular a história, a memória e a obra
pictórica de Lídia Baís, pesquisa essa que vem divulgando através de
comunicações, palestras e publicações. Graduado em Arqueologia pela
Universidade Estácio de Sá/UNESA (Rio de Janeiro/RJ, 1986), Pós-graduado (Nível
Especialização) em História e Cultura Contemporânea pela BENNETT (Rio de
Janeiro/RJ, 1989) e em História do Brasil pela UFMS (Dourados/MS, 2000) e Mestre
em História pela UFMS (Dourados/MS, 2003). Constam também em sua formação:
cursos de extensão, oficinas de arte e workshops realizados com artistas e
produtores culturais significativos do contexto da arte contemporânea
brasileira; participações em salões de artes, exposições coletivas e
individuais em cidades de Mato Grosso do Sul e em capitais de outros estados
como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina.
E
tomo a liberdade de postar algumas de suas telas, verdadeiras instalações, montagens
e construções. Alegorias carregadas pelo imaginário desse artista, que sempre
me fizeram tão bem ao contemplá-las.
As
quatro primeiras imagens são de obras descritas e postadas por Paulo Rigotti em
10 de março de 2011 no Facebook, em um álbum denominado “Pinturas Recentes”.
Pintura,
colagem e bordado com pigmentos naturais, cobre, latão, quartzo, tecido, fichas
de papel, lixa e embalagem de chá sobre tela.
Pintura,
colagem e bordado com pigmentos naturais, metal, botão e filtro de papel usado
sobre tela.
Pintura,
colagem e bordado com pigmentos naturais, pérolas falsas, alumínio, disquete e
filtro de papel usado sobre tela.
Pintura,
colagem e bordado com pigmentos naturais, osso de boi, metal, sementes e
descolagem de parede antiga sobre tela.
Em
um álbum denominado “Série de Anjos (Pinturas)”, postado em 5 de agosto de
2010, Paulo Rigotti inseriu as duas imagens acima e o seguinte comentário: “Esses são os mais recentes! Eu gosto tanto
que não vou nem comercializá-los, pois fiz apenas esses dois anjos de uma série
de quarenta. São os primeiros. Depois serão os arcanjos”.
Do
álbum “Obra premiada” - Metal, pigmento natural de terra, ferrugem, ocre e
cinza; colagem de materiais; costura e bordado sobre tela.
Sobre
esse trabalho, Paulo Rigotti comentou: “é
um objeto muito antigo (92/93). Faz parte de uma série de vários trabalhos. Não
tenho mais nenhum. Uns foram comercializados outros fazem parte de acervos
públicos ou particulares. Esta é uma série de ‘pirulitos’ feita com circulo de
madeira, ferrugem, grampos de postes e espeto de ferro para churrasco (é que a
base do espeto está cortada para melhor visualização da imagem).”
O
que mais me dói é que Paulinho tinha, recentemente, pedido demissão de todos os
seus empregos formais em Dourados e transferido residência para Bonito, com a
meta de “viver a vida e produzir sua arte”. Perdemos, todos – nós, a vida e a
arte.
Adeus, Paulo Rigotti!