Mundo, mundo,
pequeno mundo…
Chico Buarque
encantou boa parte de minha vida. Agora não tanto. Não mais com a intensidade
que um dia já teve, quando eu cantava suas músicas com uma compulsão diuturna.
Mas suas marcas persistem, melodiosas, com letras impecáveis de “O meu amor”,
“Retrato em branco e preto”, “Roda viva”, “Valsinha” e outras, muitas, mais. E
aí, de repente, descubro que em seu último CD ele canta uma música com Thaís
Gulin.
Quem é Thaís Gulin?
Ora, quem diria? Ela é a filha da Sandrinha: minha amiga de infância, Sandra
Lourenço, que brincou comigo dentro d’água de corguinho, correu no pasto atrás
de bezerro e se lambuzou chupando manga no pé. Sandrinha era uma “carioca da
gema” que veio para Dourados, MS, ainda menininha com seus pais, Dr. Lourenço e
Dona Odaléa, e seus irmãos mais velhos, Lourencinho e Solange. E minha infância
caipira foi inundada com a modernidade das cariocas e aquelas palavras cheias
de “érresh” e “éssesh”.
Thaís, que lembra
muito a doçura de Sandrinha e tem exatamente metade de minha idade, é hoje a
amada de meu ídolo juvenil. O homem que me fez sonhar na adolescência troca
beijos e juras com a filha de minha amiga. Uma história que trouxe alinhavos de minha infância, com
laços e afetos de minha adolescência, transforma-se hoje em um amor que canta
“larari, larará, larari”... Que resultado mais
imprevisível. Casualidade? Destino? Sei lá! Pouco importa rotular, dar nomes. O
delicioso é a sensação de fazer parte de uma mesma trama, assim mesmo: pegando
carona, nem que seja como voyeur do prazer
alheio que, de tão distante e tão próximo, até parece que um dia foi meu.
Ah! Se eu
soubesse... (E se você não sabe, esse é o nome da música que Chico Buarque
compôs para Thaís Gulin e canta com ela.)