O fato de serem cultivados sem o uso de agrotóxicos ou de
fertilizantes artificiais é um dos principais motivos que levam à compra de
alimentos orgânicos. Há no entanto quem consuma esses produtos por acreditar que são mais nutritivos e menos suscetíveis a contaminação do que os
convencionais. Será que essas vantagens todas são verdadeiras?
Para investigar essa crença, um grupo de pesquisadores
analisou dados de mais de 200 estudos que comparavam os níveis de nutrientes e
de contaminação em alimentos orgânicos e convencionais – incluindo frutas,
grãos, vegetais e carnes. Resultado: não foram encontradas grandes diferenças
entre os dois tipos de produtos.
Tanto alimentos orgânicos como convencionais apresentaram
níveis similares (7% e 6% das amostras, respectivamente) de contaminação pela
bactéria E. coli, por exemplo. No
caso de carne de frango, 35% das amostras “orgânicas” (vindas de animais que
foram criados sem uso rotineiro de antibióticos ou hormônios de crescimento)
estavam contaminadas pela bactéria Salmonella,
o que foi observado em 34% das demais amostras. No que diz respeito a valor
nutricional, também não foram encontradas diferenças significativas.
Em dois outros quesitos, porém, os orgânicos levaram
vantagem: presença de resíduos de pesticida e contaminação por bactérias
resistentes a antibióticos. A primeira
grande vantagem: poucas amostras (7%) dos alimentos orgânicos
continham resíduos de pesticidas, encontrados em 38% dos alimentos convencionais.
Em relação ao segundo quesito, as amostras de carne de porco e frango vindas de
animais criados convencionalmente tinham chance 33% maior de conter
bactérias resistentes a antibióticos do as de animais criados organicamente. [o
destaque, em negrito, é de autoria do blog!]
Polêmicas à mesa
O uso rotineiro de antibióticos entre seres humanos pode,
comprovadamente, abrir espaço para a proliferação de bactérias mais resistentes
e, portanto, infecções mais graves. No entanto, ainda não são claros os efeitos que o consumo de animais criados com uso constante de antibióticos tem sobre a saúde humana.
Outro ponto controverso é a existência (ou não) de níveis
seguros de pesticidas em alimentos consumidos. “Nós encontramos muito poucos
estudos que comparavam a saúde de populações humanas que consumiam grande
quantidade de orgânicos e de populações com dietas convencionais; por isso é
difícil interpretar o significado clínico dos resultados”, explica a
pesquisadora Crystal Smith-Spangler, da Escola de Medicina Stanford (EUA). A
grande variedade de métodos de cultivo de alimentos ou criação de animais
analisados nos estudos também dificultou a interpretação dos dados.
Futuramente, disse Smith-Spangler, serão investigados os
possíveis benefícios de uma exposição menor a pesticidas, em especial para
grávidas e crianças.
[clipado do http://hypescience.com/]