domingo, 9 de setembro de 2012

Comida orgânica é mais nutritiva do que a convencional: mito ou realidade?



O fato de serem cultivados sem o uso de agrotóxicos ou de fertilizantes artificiais é um dos principais motivos que levam à compra de alimentos orgânicos. Há no entanto quem consuma esses produtos por acreditar que são mais nutritivos e menos suscetíveis a contaminação do que os convencionais. Será que essas vantagens todas são verdadeiras?

Para investigar essa crença, um grupo de pesquisadores analisou dados de mais de 200 estudos que comparavam os níveis de nutrientes e de contaminação em alimentos orgânicos e convencionais – incluindo frutas, grãos, vegetais e carnes. Resultado: não foram encontradas grandes diferenças entre os dois tipos de produtos.

Tanto alimentos orgânicos como convencionais apresentaram níveis similares (7% e 6% das amostras, respectivamente) de contaminação pela bactéria E. coli, por exemplo. No caso de carne de frango, 35% das amostras “orgânicas” (vindas de animais que foram criados sem uso rotineiro de antibióticos ou hormônios de crescimento) estavam contaminadas pela bactéria Salmonella, o que foi observado em 34% das demais amostras. No que diz respeito a valor nutricional, também não foram encontradas diferenças significativas.

Em dois outros quesitos, porém, os orgânicos levaram vantagem: presença de resíduos de pesticida e contaminação por bactérias resistentes a antibióticos. A primeira grande vantagem: poucas amostras (7%) dos alimentos orgânicos continham resíduos de pesticidas, encontrados em 38% dos alimentos convencionais. Em relação ao segundo quesito, as amostras de carne de porco e frango vindas de animais criados convencionalmente tinham chance 33% maior de conter bactérias resistentes a antibióticos do as de animais criados organicamente. [o destaque, em negrito, é de autoria do blog!]

Polêmicas à mesa

O uso rotineiro de antibióticos entre seres humanos pode, comprovadamente, abrir espaço para a proliferação de bactérias mais resistentes e, portanto, infecções mais graves. No entanto, ainda não são claros os efeitos que o consumo de animais criados com uso constante de antibióticos tem sobre a saúde humana.

Outro ponto controverso é a existência (ou não) de níveis seguros de pesticidas em alimentos consumidos. “Nós encontramos muito poucos estudos que comparavam a saúde de populações humanas que consumiam grande quantidade de orgânicos e de populações com dietas convencionais; por isso é difícil interpretar o significado clínico dos resultados”, explica a pesquisadora Crystal Smith-Spangler, da Escola de Medicina Stanford (EUA). A grande variedade de métodos de cultivo de alimentos ou criação de animais analisados nos estudos também dificultou a interpretação dos dados.

Futuramente, disse Smith-Spangler, serão investigados os possíveis benefícios de uma exposição menor a pesticidas, em especial para grávidas e crianças.


 

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