sábado, 15 de setembro de 2012

O tatu-bola na Copa 2014. E daí?



Depois de 64 anos, o Brasil volta a ser palco do maior espetáculo esportivo do planeta — a Copa do Mundo de Futebol — e qualquer mascote que seja escolhido para o evento deve mostrar a ‘cara’ do Brasil e a ‘cara’ do nosso futebol. A Associação Caatinga, instituição que defende a valorização e a proteção da nossa biodiversidade, tem como proposta de mascote um animal muito especial e peculiar que só existe aqui no Brasil: o tatu-bola (‘Tolypeutes tricinctus’), assim chamado devido à habilidade de curvar-se sobre si mesmo para se proteger quando ameaçado, ficando no formato de uma bola. De hábito noturno, alimenta-se de formigas, cupins, aranhas e frutas. É o tatu mais ameaçado do Brasil e a sua caça já o fez desaparecer de muitos estados. Uma espécie só nossa, de comportamento tão peculiar, que poderia abrilhantar a Copa, mostrando ao mundo a nossa rica natureza e o nosso compromisso com a biodiversidade, além de sensibilizar o povo brasileiro para a defesa e a proteção da nossa natureza. Esse gracioso animal tem no nome a principal protagonista do futebol: a bola. Mascote perfeito para a nossa Copa.

Com essa justificativa, a ONG Associação Caatinga fez uma forte campanha pelo tatu-bola como mascote da Copa. E obteve sucesso! No último dia 11 de setembro ele foi registrado, no Instituto de Marcas e Patentes da Suíça (país em que a FIFA está sediada), como a mascote da Copa do Mundo de 2014.

Os demais candidatos eram o saci, a onça, o jacaré e o Pelezinho. Confesso que torcia para o saci. Gostava da proposta de seus defensores, a irreverente Sociedade dos Observadores de Saci — www.sosaci.org — e seus especialistas no assunto, os “saciólogos”.

Agora, ao reler que a mascote eleita tem a habilidade de curvar-se sobre si mesma para se proteger, ficando no formato de uma bola, todas as minhas restrições foram água abaixo. Percebi que o tatu-bola revela uma nuance interessante do espírito nacional: se estamos correndo perigo, nos protegemos da melhor forma possível. Não só relaxamos ao jogar futebol, mas nos transformamos na própria bola. Uma fantástica capacidade de disfarce. (Que me perdoem os sociólogos, os psicólogos e outros “ólogos”, mas vou abusar da imagem.)

Como brasileira, não faço parte da torcida de uma Copa; faço parte do time. Entro em catarse. Sou a trave que impede o gol adversário. Sou o suor do artilheiro. Sou a chuteira, sou a bola!

 

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