domingo, 1 de junho de 2014

Semana do meio ambiente ou do ambiente inteiro?



Há décadas, a primeira semana de junho vem sendo celebrada como a “Semana do Meio Ambiente”, desde a designação, pela Organização das Nações Unidas, do dia cinco de junho como “Dia Mundial do Meio Ambiente”.

A partir desse marco de divulgação, a ONU utiliza a data anualmente para difundir e debater temas ambientais e, através do seu Programa de Meio Ambiente, promover ações políticas que chamem (ou que deveriam chamar) a atenção mundial para a conscientização sobre problemas ambientais.

Na página do Ministério do Meio Ambiente, na internet – http://www.mma.gov.br/ – estão disponíveis várias informações sobre o tema, além de traduções das mensagens (interessantes e esclarecedoras) do secretário-geral da ONU e do diretor-executivo do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), fornecendo dados sobre a situação mundial dos nossos mares e oceanos.

Questões ambientais! Sejam elas sobre o mar ou sobre a terra, envolvem educação, mas não somente a educação formal. Falo de uma educação informal, reconhecida e utilizada no cotidiano, como, por exemplo, um gesto natural e espontâneo de não jogar o papel de bala pela janela. Um simples e pequeno ato consciente. Não importa se do outro lado dessa janela está o seu quintal, uma rua, uma estrada ou um rio. O que importa, de fato, é reconhecer que, para além da janela, está o planeta. E que ele seja visto, com toda naturalidade, como O SEU QUINTAL.

Confesso que estou saturada de semanas do meio ambiente. E também dessa curiosa denominação – MEIO AMBIENTE –, que significa “conjunto de fatores físicos, biológicos e químicos que cerca os seres vivos, influenciando-os e sendo influenciado por eles” (segundo o Houaiss), onde o uso da palavra MEIO é totalmente desnecessário, já que, ainda de acordo com o mesmo dicionário, AMBIENTE significa “tudo que rodeia ou envolve os seres vivos e/ou as coisas; meio ambiente”. Nossa língua portuguesa é realmente deliciosa e generosa, esbanja palavras: meio ambiente significa ambiente.

Mas voltando à minha saturação: passei décadas promovendo e/ou participando de semanas de ambiente (percebeu como soa estranho?), ou melhor, de meio ambiente, e ao término de muitas delas assisti manifestações espontâneas de crianças (e principalmente de adultos) demonstrando que o envolvimento com a tal semana fora meramente um ato social, um evento que teve começo, meio e fim. Nada mais. E assim, após discussões sobre o lixo, reciclagem e todos os seus problemas, o exausto pai de família, retornando para casa com o filho, joga displicentemente a sua latinha vazia no terreno baldio à margem da avenida.

O que é mais importante para o filho desse homem: o que ele ouviu na escola ou o que seu pai faz cotidianamente? Esse pai um dia vai levá-lo a uma pescaria. (Pobre rio...) Esse pai pode um dia ser vereador, ou prefeito. (Pobre cidade...) Esse pai pode um dia começar a produzir alimentos para a comunidade. (Pobre comunidade...)

Por essas e outras, estou cansada de celebrações para o meio ambiente, com sessões intermináveis de discursos, palestras e plantio de árvores, para assistir depois aos mesmo gestos e atos de total desrespeito ambiental. Quero celebrações diárias, naturais, espontâneas, contínuas, semana após semana, de compreensão e convivência harmoniosa com o AMBIENTE INTEIRO.

Quero assistir atos de respeito e cuidado com o nosso quintal, justamente ele, nosso quintal único: uma linda bola azul que flutua, pequenininha e frágil, na imensidão do cosmos.

ATENÇÃO - Esse texto foi escrito em junho/2004. Exatamente! Não é erro de digitação. Não é de 2014! E Então... mudou muita coisa? Pense nisso!
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FONTE DA IMAGEM: WWF – “Desertificação destrói 6.000 espécies cada ano” - clique sobre a foto para ampliá-la.
 

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