Há décadas, a primeira semana de junho vem
sendo celebrada como a “Semana do Meio Ambiente”, desde a designação, pela
Organização das Nações Unidas, do dia cinco de junho como “Dia Mundial do Meio
Ambiente”.
A partir desse marco de divulgação, a ONU
utiliza a data anualmente para difundir e debater temas ambientais e, através
do seu Programa de Meio Ambiente, promover ações políticas que chamem (ou que
deveriam chamar) a atenção mundial para a conscientização sobre problemas
ambientais.
Na página do Ministério do Meio Ambiente,
na internet – http://www.mma.gov.br/ –
estão disponíveis várias informações sobre o tema, além de traduções das
mensagens (interessantes e esclarecedoras) do secretário-geral da ONU e do
diretor-executivo do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
fornecendo dados sobre a situação mundial dos nossos mares e oceanos.
Questões ambientais! Sejam elas sobre o mar
ou sobre a terra, envolvem educação, mas não somente a educação formal. Falo de
uma educação informal, reconhecida e utilizada no cotidiano, como, por exemplo,
um gesto natural e espontâneo de não jogar o papel de bala pela janela. Um
simples e pequeno ato consciente. Não importa se do outro lado dessa janela
está o seu quintal, uma rua, uma estrada ou um rio. O que importa, de fato, é
reconhecer que, para além da janela, está o planeta. E que ele seja visto, com
toda naturalidade, como O SEU QUINTAL.
Confesso que estou saturada de semanas do
meio ambiente. E também dessa curiosa denominação – MEIO AMBIENTE –, que
significa “conjunto de fatores físicos, biológicos
e químicos que cerca os seres vivos, influenciando-os e sendo influenciado por
eles” (segundo o Houaiss), onde o uso da palavra MEIO é totalmente desnecessário,
já que, ainda de acordo com o mesmo dicionário, AMBIENTE significa “tudo que rodeia ou envolve os seres vivos e/ou as coisas;
meio ambiente”. Nossa língua portuguesa é realmente deliciosa e generosa,
esbanja palavras: meio ambiente significa ambiente.
Mas
voltando à minha saturação: passei décadas promovendo e/ou participando de
semanas de ambiente (percebeu como soa estranho?), ou melhor, de meio ambiente,
e ao término de muitas delas assisti manifestações espontâneas de crianças (e
principalmente de adultos) demonstrando que o envolvimento com a tal semana
fora meramente um ato social, um evento que teve começo, meio e fim. Nada mais.
E assim, após discussões sobre o lixo, reciclagem e todos os seus problemas, o
exausto pai de família, retornando para casa com o filho, joga displicentemente
a sua latinha vazia no terreno baldio à margem da avenida.
O
que é mais importante para o filho desse homem: o que ele ouviu na escola ou o
que seu pai faz cotidianamente? Esse pai um dia vai levá-lo a uma pescaria.
(Pobre rio...) Esse pai pode um dia ser vereador, ou prefeito. (Pobre
cidade...) Esse pai pode um dia começar a produzir alimentos para a comunidade.
(Pobre comunidade...)
Por
essas e outras, estou cansada de celebrações para o meio ambiente, com sessões
intermináveis de discursos, palestras e plantio de árvores, para assistir
depois aos mesmo gestos e atos de total desrespeito ambiental. Quero
celebrações diárias, naturais, espontâneas, contínuas, semana após semana, de
compreensão e convivência harmoniosa com o AMBIENTE INTEIRO.
Quero
assistir atos de respeito e cuidado com o nosso quintal, justamente ele, nosso
quintal único: uma linda bola azul que flutua, pequenininha e frágil, na
imensidão do cosmos.
ATENÇÃO - Esse texto foi escrito em junho/2004.
Exatamente! Não é erro de digitação. Não é de 2014! E Então... mudou muita
coisa? Pense nisso!
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FONTE
DA IMAGEM: WWF – “Desertificação destrói 6.000 espécies cada ano” - clique sobre a foto para ampliá-la.